Parlamentares querem colher frutos com a crise
Congressistas atuantes na CPI sonham com reeleição e até com vôos mais altos
Renata Moura para o JBOnline
Os escândalos de corrupção, que tomaram conta da Esplanada dos Ministérios nos últimos meses, mancharam ainda mais imagem do Congresso. A opinião é unânime até mesmo entre aqueles que se viram no olho do furacão de denúncias. Mas há quem aposte em lucros numa época como esta de vacas magras para o Parlamento. Deputados que ganharam espaço na mídia durante as investigações já pensam em colher nas urnas os benefícios trazidos.
Em seu primeiro mandato de deputada, Denise Frossard (PPS-RJ) já anunciou que pretende sair candidata ao governo do Rio. Tudo depende do aval de seu partido. Parlamentar ativa com bom trânsito na CPI dos Correios, a juíza ganhou espaço em programas de TV e rádio. Assim, tornou-se conhecida em todo o Brasil. Ponderada em seus ataques ao Governo, sem deixar de lado a coerência que lhe é bastante peculiar, Frossard não tem medo de concorrer a uma nova eleição. Sabe que ganhou na crise mais do que se fizesse parte de outro momento histórico da Câmara.
Também confiante de que o faturamento será grande entre seus eleitores, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) esbanja sorrisos pelos quatro cantos do Congresso. Com o filho prefeito de Campo Grande, Trad nunca esteve tão seguro de que será reeleito deputado federal.
- Agora, mas do que nunca tenho certeza da reeleição.
Não vai arriscar vôos mais ousados como o da juíza Denise Frossard, mas tem certeza de que a vitória nas urnas virá com mais sabor no próximo ano. Depois de ser relator de dois processos no Conselho de Ética, Trad avalia que a repercussão de seus trabalhos nos últimos meses é bem maior do que em qualquer outro ano.
- Já fui autor de várias propostas importantes para o país. Mas é claro que agora nossos trabalhos são mais valorizados - afirmou.
Presidente da CPI dos Correios, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), também se tornou um rosto comum na televisão e chegou a ser comparado ao ator Antônio Fagundes. Ganhou fama e articulou bem para se posicionar com neutralidade diante das acusações de envolvimento do Governo. Líder da legenda no Senado, Delcídio trabalha sua campanha para assumir o governo do Mato Grosso do Sul. Livre, pelo menos por enquanto, das denúncias de corrupção, o petista está confiante de que a vitória nas urnas não é mais um sonho distante.
O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), no início da crise também ganhou bastante espaço. Mas logo, teve seu rápido processo de ascensão interrompido por ter divulgado na mídia lista apócrifa dos beneficiados pelo valerioduto. No seu rastro, o deputado ACM Neto (PFL-BA) resolveu peneirar um pouco seus discursos radicais de ataques aos governistas. Conseguiu com isto, arrancar elogios de colegas bem mais experientes, como o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Tanto Maia quanto ACM Neto reconhecem que em função da juventude na política, a crise deflagrada nos últimos meses foi importante para seus respectivos crescimentos de bases eleitorais.
Mesmo estando fora do esquema de corrupção alguns parlamentares acreditam que a fama adquirida com a repercussão dos trabalhos investigativos não será suficiente para garantir a reeleição. Presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), é um dos que seguem este raciocínio. Está preocupado com sua ''falta de atenção'' em relação às bases eleitorais. Com as atividades em ritmo acelerado no Conselho, Izar teve de reduzir suas idas ao estado natal.
- Isto me prejudicou muito para as próximas eleições - afirma Ricardo Izar, que pretende correr atrás do prejuízo no mês em que ficará afastado das atividades parlamentares.
Um comentário:
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