Em busca de provas

Procurador-geral busca prova documental sobre mensalão

Brasília - O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, disse hoje que pretende denunciar as pessoas com envolvimento no mensalão antes do período eleitoral. "Espero poder tomar uma decisão antes do período eleitoral mais intenso", afirmou. No entanto, se isso não for possível, Souza vai tomar as providências em pleno período eleitoral. "Não me pauto pelo calendário político", declarou. "Não recebo ordens de ninguém, ajo de acordo com a minha consciência".

O procurador investiga desde julho as suspeitas de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo no Congresso. Também é apurada a suposta prática de caixa 2 por partidos políticos. "Em todas as prestações de contas existem irregularidades", afirmou. Apesar de não querer dar detalhes sobre as investigações, ele garantiu que por enquanto nenhum indício foi encontrado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Até o presente momento não tem nada", afirmou.

As investigações integram um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as suspeitas de envolvimento de parlamentares nas irregularidades. O tribunal é o responsável por julgar eventuais ações criminais contra deputados e senadores.

Mesmo depois de cinco meses de investigação, o procurador disse que as apurações ainda não estão prontas, que o inquérito é complexo e que ele está se esforçando para que tenha um fim. Ele explicou que as investigações não podem ser feitas apenas com base em depoimentos. "É necessário prova documental, realização de perícia", afirmou.

Antonio Fernando voltou a dizer que não pretende pedir a prisão do empresário Marcos Valério de Souza. A medida foi defendida por parlamentares. No entanto, segundo ele, a prisão imporia um prazo de cinco dias para que o inquérito fosse concluído, o que poderia comprometer as investigações já que ainda há diligências em andamento.

Ele disse que ainda não tem a conclusão do inquérito e que a polícia também não tem condições de terminar o seu trabalho em cinco dias. O procurador revelou que foram encontradas ilicitudes nas investigações, mas não quis especificar quais seriam. Antonio Fernando deixou claro que pessoas serão denunciadas.