CONEXÃO VENEZUELANA I: PURO MARKETING
Entrevista na revista Carta Capital foi peça de abertura de campanha as reeleição
A citação de Chávez pelo Presidente – e a ameaça de transformação do Brasil numa Venezuela conflitada e politicamente caótica – não foi um improviso, mas fez parte do lançamento do novo marketing de Lula: a entrevista na revista Carta Capital foi planejada para criar um fato novo e tentar distrair a atenção dos escândalos de corrupção a que Lula e o PT são associados atualmente.
A revista é claramente vinculada a Lula e ao PT.
O roteiro da entrevista e o cuidado para servir fielmente aos objetivos de marketing (em 12 páginas não se falou uma única vez em “mensalão”, assunto que não poderia faltar numa entrevista verdadeiramente jornalística do Presidente) mostram claramente que se tratou de uma conversa caracterizada pela cumplicidade.
A idéia de rechaçar como “golpismo” as acusações de corrupção que se fazem ao seu Governo foi estabelecida pelo novo marqueteiro de Lula visando dois objetivos: desqualificar os acusadores e impedir a discussão dos fatos apurados pelas CPIs. Acusações contra Lula devem ser vistos como ação golpista.
“Há controvérsias” – como diz o bordão do colunista de O Globo – sobre a eficácia de tal recurso de marketing, embora a repercussão tenha sido muito grande.
CONEXÃO VENEZUELANA II: SUICÍDIO DE LULA
Presidente se afasta do sistema de alianças que costurou em 2002
O desespero de Lula diante do esvaziamento das suas chances de reeleição em 2006 e a ansiedade para criar fatos novos para a campanha podem levar Lula ao suicídio político. Ao tentar transferir para o Brasil o conflito institucional da Venezuela – a grotesca luta de classes populista de Hugo Chávez, uma releitura de Bolívar com toques de comunismo populista tropical – Lula afastou-se definitivamente do leque de apoios na sociedade cuja costura foi responsável por sua eleição em 2002.
Tendo o MST como correspondente ideológico dos grupos que apóiam Chávez e o “chefe nacional” dessa organização, Pedro Stédile, como seu aliado preferencial no Brasil, não há garantia de apoio dos grupos radicais de esquerda. Esses grupos congregados no extinto Fórum de Porto Alegre assustam os setores sociais democratas e de centro que constituíram a base da aliança que elegeu Lula Presidente.
Lula pretendeu ter feito um jogo de palavras, que lhe permite alegar um álibi – “Eu não sou Chávez, mas a oposição brasileira é golpista como os grupos da Venezuela que tentaram derrubar Chávez” – mas lançou na sociedade brasileira o temor de que o país ingresse na balbúrdia em que se transformou a Venezuela.
CONEXÃO VENEZUELANA III: SEM AVISO AO GRILO FALANTE
Suplicy lembrou que Skaf, Presidente da Fiesp, é “companheiro”...
Os próprios petistas desmoralizaram a acusação de Lula de que a oposição brasileira é uma cópia da oposição golpista da Venezuela. Considerando a comparação despropositada, o senador Eduardo Suplicy, protestou contra a acusação de golpista que Lula fez à oposição e provocou irritação entre os petistas. Ele lembrou, em plena reunião do Diretório Nacional do PT, que a instituição brasileira mais parecida com a Fedécamaras da Venezuela – que promoveu o golpe frustrado contra Hugo Chávez - é a Fiesp, cujo presidente, Paulo Skaf, é muito próximo ao PT.
A observação do senador Suplicy obteve um comentário malicioso de Luiz Fabre, o marido franco-argentino de Marta Suplicy, ex-mulher do senador: “Esqueceram de avisar ao nosso Grilo Falante sobre a nova tática do PT contra a Oposição”. (O Grilo Falante, na história de Pinóquio, é quem faz o contraponto às mentiras do boneco de madeira: só diz a verdade).
Ou seja, Suplicy foi inconveniente e matou dois coelhos com uma só cajadada: desmoralizou a comparação de Lula (que quis bancar a vítima do golpismo que atropelou Chávez) e exibiu o segredo de polichinelo que o Governo tenta esconder: o presidente da Fiesp, “companheiro” Skaf, é governista.
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