20.3.06

Petrobrás nega; GDK não comenta

TCU detecta superfaturamento de US$ 23 milhões na Petrobrás

Estatal nega ilegalidade no negócio; GDK não comenta

Por meio de nota, a Petrobrás afirmou que já apresentou sua defesa perante o Tribunal de Contas da União (TCU). "Os procedimentos adotados foram corretos e não houve superfaturamento na contratação da adaptação da Plataforma P-34", defendeu-se a estatal. "Não houve qualquer tipo de favorecimento à GDK, que na mesma época disputou - e perdeu - licitações para contratos de maior valor na Petrobrás", conclui a empresa.
"A GDK foi contratada mediante processo licitatório, em regime de preço global, com valor 11% inferior ao da segunda colocada, o que significou uma redução de US$ 10 milhões", informou a empresa. A estatal disse discordar dos cálculos dos auditores do TCU. "A diferença entre os valores apontados pelo TCU e o orçamento da Petrobrás decorre da adoção de metodologias de cálculo diversas", alegou a estatal. "O TCU calcula o valor final do contrato a partir da análise de item por item, o que não se aplica ao orçamento da Petrobrás, que neste caso específico utilizou a modalidade de preço global." A estatal afirmou ainda que abriu procedimentos internos para investigar os contratos com a GDK. "Nos casos em que foi considerado necessário, a Petrobrás adotou medidas administrativas para ajustar os mecanismos de controle, chegando a destituir e suspender funcionários", completou a empresa.
Em nota, a GDK afirmou que mantém cláusula de confidencialidade com a Petrobrás e, por isso, não poderia fornecer informações sobre o contrato objeto de auditoria do TCU. "Neste momento, a empresa não possui nenhum esclarecimento a respeito das questões relativas ao Tribunal de Contas da União, já que o processo se encontra em tramitação", informou a empresa. "A GDK aproveita a oportunidade e informa que os questionamentos do Tribunal de Contas da União foram prontamente respondidos e esclarecidos no fórum competente."

Ex-secretário do PT admitiu ter recebido jipe

As suspeitas sobre o então secretário-geral do PT Silvio Pereira foram lançadas em junho pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que o apontou como um dos operadores do mensalão e o acusou de negociar nomeações de cargos em estatais. No dia 4 de julho, Silvio pediu afastamento do cargo.
No dia 8 de julho, em depoimento à Polícia Federal (PF), disse possuir um apartamento em São Paulo - avaliado em R$ 180 mil -, uma casa em Ilhabela (litoral paulista) de R$ 400 mil e um jipe Land Rover financiado. A PF considerou haver discrepâncias entre o rendimento, que ele afirmava ser de R$ 9 mil mensais, e o valor do patrimônio, declarado como próximo de R$ 650 mil.
Onze dias depois, Silvio Pereira depôs à CPI dos Correios e recusou-se a dizer se o Land Rover havia sido presente da GDK Engenharia, prestadora de serviços da Petrobrás. Amparado por habeas-corpus dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que impedia que fosse preso, Silvio não falou sobre seu patrimônio mesmo depois que o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) citou reportagem do Jornal Nacional que apontava o funcionário da GDK José Paulo como comprador do carro, pelo qual pagou R$ 73,5 mil.
No dia 22 de julho, Silvio admitiu ter recebido o Land Rover da GDK. Em carta ao PT, afirmou que cometera um erro e pediu sua desfiliação.