16.3.06

'Não falta nada'

'Não falta nada', diz Lula sobre sua candidatura
Após negar que seja candidato à reeleição, presidente admite que vai lutar por mais um mandato


Depois de negar novamente que seja candidato à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou admitindo ontem que vai mesmo lutar por mais um mandato. Durante uma entrevista em Aracaju, o presidente assegurou, primeiramente, não ter se decidido sobre a disputa. Um repórter perguntou, então, o que faltava para que ele lançasse a candidatura. "Não falta nada, não falta nada", respondeu Lula, durante a inauguração do conjunto habitacional Sérgio Vieira de Mello.

Em outra cidade de Sergipe, Itabaiana, onde lançou a pedra fundamental do campus de uma universidade federal, Lula pediu o apoio dos "companheiros" do governo, entre os quais incluiu a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Sem-Terra (MST).

"Em muitos anos de batalha, às vezes temos pontos de vista diferentes. Mas as nossas diferenças a gente sabe diferenciar", afirmou. "A gente sabe quem é o adversário comum, quem a gente quer vencer e o que queremos construir."

O presidente destacou que até junho, quando vence o prazo para o lançamento das candidaturas, sua preocupação será a de "viajar e fazer muita coisa pelo Brasil". Afirmou, ainda, estar empenhado em inaugurar as obras que "plantou" durante primeiros anos de governo: "Presidente da República não precisa de pressa para se definir, o presidente tem de cumprir seu mandato."

Na fala, o presidente criticou as limitações impostas pela lei à assinatura de contratos governamentais durante o período eleitoral. "Lamentavelmente, a eleição, que é uma coisa boa e democrática, deixa as administrações truncadas", avaliou. "Num mandato de quatro anos, você governa três anos."

Ele lembrou que de junho a outubro de 2004 houve campanha eleitoral nos municípios e o governo não pôde firmar convênios com as prefeituras. O mesmo ocorrerá a partir de junho deste ano, quando a administração federal não poderá fazer acordos com Estados e municípios.

Toda a agenda de Lula em Aracaju foi marcada pelo clima de campanha. Ele beijou crianças, posou para fotografias com eleitores e ouviu gritos recorrentes de "um , dois, três, Lula outra vez". Elogiou diversas vezes o prefeito da cidade, Marcelo Déda (PT), e anunciou que o aliado se afastará do cargo para concorrer ao cargo de governador de Sergipe.

POBRES

Lula voltou a afirmar que dá prioridade aos pobres, mas dessa vez fez questão de ponderar que também governa para as outras camadas sociais. "Nós não somos governantes apenas dos mais pobres."

Do lado de fora do local onde se dava a inauguração, um grupo fazia soar apitos e levantava cartazes de protesto, com as seguintes frases: "Fora Bush do Iraque e Lula do Haiti", "Lula, chefe do mensalão" e "Lula, chefe da quadrilha do Congresso".
Estadão