7.4.06

Serraglio rebate acusações do PT

Serraglio aos governistas: 'Não encobrimos nada'
Relator admite ter atendido a reivindicações, mas rebate acusações do PT


Ao rebater as críticas feitas pelo PT às mudanças de última hora apresentadas ao relatório da CPI dos Correios, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) admitiu ontem que algumas alterações atenderam a reivindicações de políticos.

Momentos antes de o texto ser votado pela CPI, anteontem, o relator apresentou 35 mudanças, retirando o pedido de indiciamento de pelo menos uma dezena de pessoas envolvidas em denúncias de irregularidades com o sistema de franquias dos Correios, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e o mensalão. Segundo os petistas, uma cifra de R$ 1 bilhão a ser investigada ficou de fora.

"Não podem imaginar que o relator é bobo e achar que vão implantar nos documentos esse número e dizer que tinha isso e eu tirei. Nós não encobrimos nada", afirmou Serraglio.

Irritado, ele fez questão de lembrar que o relatório do PT poupava de qualquer investigação a Prece, fundo de pensão da Companhia Estadual de Água e Abastecimento (Cedae) do Rio. "Nós não escondemos a Prece no nosso relatório. Era um dos fundos mais comprometidos em irregularidades e eles o excluíram do relatório paralelo. Deve ser com a Prece que eles chegam a esse número de R$ 1 bilhão."

O relator admitiu ter retirado o nome de Armando Ferreira da Cunha e o do ex-deputado João Leite Neto, do capítulo que trata de franquias, a pedido de um parlamentar do PFL, cujo nome não divulgou. Armando e João Leite são ligados à franquia Tamboré.

"Retiramos os nomes, mas não os excluímos das investigações que pedimos ao Ministério Público. Foi um parlamentar do PFL que me procurou e suscitou que houve uma visão concentrada em cima de uma franquia, a Tamboré, que não estava sendo tratada de forma equânime no relatório", justificou Serraglio.

Segundo Serraglio, o pedido de indiciamento do vice-governador de Minas, Clésio Andrade (PFL), foi retirado com base no voto em separado apresentado pelo PT. "Inclui algumas coisas que consegui identificar no voto do PT. Foi o caso da retirada do pedido de indiciamento do Clésio e a inclusão do grupo Opportunity. Além disso, o Clésio foi colocado no relatório a partir de uma quebra de sigilo que não tínhamos."

Serraglio disse que poupou o ex-presidente do Banco Brasil Cássio Casseb do pedido de indiciamento porque o crime estava prescrito.

Num último desabafo, ele atacou novamente o PT: "Eles tentaram me cozinhar e me enrolar. Eles vinham trabalhando para que a votação do relatório não acontecesse."
Estadão