Depoimento de ministro fica para a semana que vem
Bastos tenta adiantar ida ao Senado para reduzir ataque ao governo, mas oposição não concorda
Fracassou a tentativa do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de antecipar para esta semana sua ida ao Senado para falar sobre a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. A iniciativa, que em tese reduziria os ataques ao governo, foi apoiada pelos aliados do Palácio do Planalto, mas acabou derrubada pela oposição.
A alegação para adiar o depoimento é que Bastos não pode ser ouvido antes de o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso se explicar à CPI dos Bingos. A convocação de Mattoso só será votada na próxima terça-feira.
Em ofício enviado na manhã de ontem aos presidentes da Câmara e do Senado, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), Bastos manifestou sua disposição de falar aos parlamentares o quanto antes.
Renan, porém, desistiu de atendê-lo depois de ouvir os líderes, alegando que não havia unanimidade quanto à antecipação. "As decisões aqui são coletivas. Não há consenso entre as lideranças para que o ministro venha agora", argumentou.
O ministro reforçou o apelo ligando para Renan e os líderes do governo e do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e Ideli Salvatti (SC), e para o senador Tião Viana (PT-AC). Ausentes de Brasília durante o dia, os dois líderes não tiveram como endossar o requerimento.
A defesa, então, foi feita por Viana, pelos petistas Eduardo Suplicy (SP) e Sibá Machado (AC) e pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), a quem o ministro também ligou. "Na condição de amigo", frisou ACM. "O ministro está sólido no cargo", reforçou Viana.
Da tribuna, o líder do PFL, José Agripino (RN), alegou que não teria sentido ouvir Bastos nesta semana. "O ministro não vem aqui como incriminado, vem aqui como um suspeito."
Renan decidiu que o ministro falará na próxima semana, primeiro no Senado e, se necessário, também na Câmara. "Porque aqui temos regras claras em relação às perguntas e respostas, temos tempo definido para réplica e tréplica", justificou. Já no entender do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), seria melhor se Bastos pudesse falar direto na CPI dos Bingos.
O senador José Jorge (PFL-PE) lembrou que esta não é a primeira vez em que Bastos aparece na condição de advogado de integrantes do governo. "Sempre se disse aqui no Congresso que Márcio Thomaz Bastos é a principal cabeça para orientar pessoas do governo envolvidas nos escândalos", alegou. "Sempre foi assim, mas sua participação nunca ficou tão evidente como agora."
REUNIÃO
José Jorge quer ainda que a CPI ouça o advogado Arnaldo Malheiros Filho sobre sua participação na reunião onde se acertou o esquema para preservar a cúpula do governo do crime de violação de sigilo.
Estadão
Um comentário:
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