15.4.06

Dilma quer indenização!

Dilma espera indenização da Comissão de Anistia

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está na lista das pessoas que pediram ao governo reparação financeira pelos anos de perseguição política no regime militar. Ex-guerrilheira, torturada e presa depois de planejar o roubo do cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, Dilma contou, por intermédio de sua assessoria, que pediu à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça reparação pela demissão da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul após a divulgação de uma lista dos subversivos pelo ex-ministro do Exército Sylvio Frota.

Segundo sua assessoria, a ministra não pediu indenização do Estado pelos três anos em que ficou encarcerada e sim devolução dos salários não recebidos e direito a usar o tempo em que ficou fora da fundação do governo gaúcho para efeito de aposentadoria. Não foi divulgado o montante a que a ministra terá direito após o caso ser julgado pela comissão do Ministério da Justiça.

A ministra aderiu à militância de esquerda no regime militar em 1967, ingressando na Política Operária (Polop), uma organização radical que originou, posteriormente, o Comando de Libertação Nacional (Colina).

Nessa época, deu aulas de marxismo a operários e ajudou a organizar três assaltos a bancos como dirigente da Colina.

Depois, como integrante da Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares) planejou o roubo do cofre do ex-governador de São Paulo que rendeu à organização US$ 2,6 milhões. O dinheiro roubado em 1969 estava num cofre numa casa do bairro carioca de Santa Tereza, onde morava a amante de Adhemar de Barros. Um ano depois, Dilma foi presa e torturada por 22 dias com choques elétricos e palmatórias. Ficou até 1973 encarcerada no Presídio Tiradentes (SP).

Caso seu pedido seja aprovado pela comissão, a ministra será considerada anistiada política. Já tiveram seus pedidos deferidos pelo governo alguns colegas de partido, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu e o ex-presidente do PT e ex-deputado José Genoino.

O processo faz parte de uma lista de 33 mil que estão na comissão para serem julgados. Desses, 20 mil são pedidos de vereadores que ficaram sem receber salários pelo exercício da função.

A comissão já decidiu que os vereadores não receberão indenização, mas terão direito a usar o tempo de mandato para fins de aposentadoria. Sobrarão, portanto, 13 mil processos que deverão ser julgados até o fim do governo Lula.
Estadão