24.4.06

A ameaça chinesa ao aço

China é vista como ameaça a exportadoras de aço brasileiras

Agências Internacionais
O rápido crescimento da produção de aço da China e a perspectiva de o país asiático se tornar um vendedor externo líquido estão ameaçando os exportadores siderúrgicos brasileiros, disse nesta segunda-feira o presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia, Luiz André Rico Vicente.

A China, maior produtora mundial de aço, foi responsável por cerca de 31% da produção de aço bruto em 2005, comparado aos 2,8% do Brasil, nono produtor global. De 2000 a 2005, a produção de aço chinesa subiu 30%, para quase 350 milhões de toneladas.

As exportações são chave para o Brasil, que exportou 43% da sua produção de aço de 31,6 milhões de toneladas no ano passado, já que a demanda doméstica continuou estagnada.

Citando um estudo da consultoria internacional McKinsey, Vicente disse que o déficit líquido de aço da China, de 10 milhões de toneladas em 2004, é visto como capaz de se transformar em um superávit de 35 milhões de toneladas, principalmente de produtos de aço, em 2010.

- É uma ameaça a produtores brasileiros - disse Vicente em uma conferência no Rio de Janeiro.

A China pode se tornar uma significativa exportadora indireta por meio de materiais de construção, maquinaria e peças automotivas. No entanto, o vice-presidente de projetos estratégicos da siderúrgica Gerdau, Ruy Lopes Filho, afirmou que o forte crescimento econômico chinês significa que o país continuaria um grande importador de aço bruto.

- É um consumidor massivo e vai manter a demanda mundial crescendo em cerca de 5% ao ano. Vejo a China como uma oportunidade, mas na medida em que a capacidade de produção cresce, ela pode se tornar uma ameaça nas exportações.

Perguntado sobre as perspectivas de preços do minério de ferro, Lopes afirmou que a demanda por placas de aço - uma importante referência do mercado - estava aumentando, e que uma alta de preços entre 10 e 20% é possível em 2006.

Em um evento separado no Rio, o presidente da Companhia Vale do Rio Doce , Roger Agnelli, reiterou que a maior mineradora mundial de minério de ferro buscava um reajuste de 24%.