Genro de Lula diz que processará acusador
Marcelo Sato quer ir à Justiça contra responsáveis pelas suspeitas de que exerce tráfico de influência junto ao governo federal
O genro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marcelo Sato Rosa, disse ontem que vai à Justiça contra os responsáveis pelas acusações de que ele exerce tráfico de influência para parlamentares do PT junto ao governo federal. O marido de Lurian Silva contratou advogado anteontem.
Pelo interfone do condomínio em que mora com Lurian e os dois filhos, em Florianópolis, Sato não identificou à reportagem da Folha os possíveis alvos das ações que pretende mover. "Ainda não sei [contra quem], mas, com certeza, contra quem me acusou injustamente", afirmou.
Além da reportagem sobre suposto tráfico de influência publicada na quinta pelo jornal "O Globo", Sato recomendou ao advogado um estudo da propagação dos números das contas bancárias que ele e Lurian mantêm no Banespa e no Besc.
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), em seu boletim na internet, afirmou que duas contas do assessor petista eram abastecidas pelo ex-tesoureiro do PT e presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
Procurado pela Folha, Sato só quis falar pelo interfone. Ele recomendou conversa com seu advogado. "Falo sobre este assunto [suposto tráfico de influência] e sobre o que vocês quiserem, mas em outra oportunidade."
A reportagem também tentou entrevistar Lurian. O marido disse que ela estava internada em um hospital, recuperando-se de uma pequena cirurgia. "Coisa simples, nada grave. Apenas para corrigir uma cirurgia anterior", disse.
A Folha apurou que petistas consideram a divulgação um caso de quebra de sigilo bancário, por fazer ilações de doações ilícitas.
O advogado contratado por Sato, Ronei Danielli, disse que até o final da semana vai decidir com o cliente se moverá uma ou mais ações na Justiça. "A intenção do Marcelo é de ação na linha criminal [por calúnia e difamação], com o objetivo de sanar um dano que ele considera ter sofrido."
Mas o advogado afirmou que ainda fará "uma análise mais crítica do material". "É uma questão complicada, por se relacionar ao direito de informar. Temos que ver se há correspondência do que foi dito com a verdade dos fatos."
O genro de Lula é chefe-de-gabinete da deputada estadual de Santa Catarina Ana Paula Lima (PT). Segundo afirmou o prefeito de Orleans, Valmir Bratti (PP), Marcelo Sato levou pleitos de sua administração à senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e a órgãos do governo federal, mas ele pouco recebeu de verbas.
Ideli diz que o genro do presidente Lula não é seu intermediário e que as denúncias não se sustentam. A deputada Ana Paula também contratou Danielli como seu advogado e não quer falar com a imprensa.
Prefeito do Rio usa internet contra Lula
Maia faz acusações diárias mirando no presidente
Oficialmente fora da disputa pela Presidência da República desde que abdicou da candidatura em benefício de Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), passou a atuar na disputa de uma maneira diferente: usando a internet para disseminar denúncias contra Luiz Inácio Lula da Silva.Ontem, pediu a demissão do ministro Márcio Thomaz Bastos e a quebra dos sigilos bancários do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, e do genro de Lula.Diariamente, tem publicado notas cifradas e provocativas contra Lula, seus assessores, aliados e parentes. As mensagens são enviadas a rede de pessoas cadastradas no blog (tipo de página pessoal) que manteve na internet no ano passado.Após passar a semana criticando Bastos, pediu sua demissão, por conta do episódio da violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa. Repetindo provocação do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) em relação ao ex-ministro José Dirceu, Maia ironizou o ministro."MTB, sai, sai, MTB, enquanto é tempo e os dados da CPI do Banestado não aparecem! Palocci insistiu... e veja no que deu!" Na última semana, Maia disse que Bastos tinha sido alvo de investigação no caso Banestado, quando foram remetidos US$ 30 bilhões ao exterior.Em outras notas, Maia deixou no ar pistas sobre supostos beneficiários de depósitos de Paulo Okamotto, até chegar ao genro de Lula, Marcelo Sato, que segundo Maia receberia pedidos de prefeitos de Santa Catarina, e os repassaria para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC)."Agora só falta uma coisa: a CPI abrir o sigilo de Okamotto e ver quanto e quantas vezes ele enviou dinheiro para as contas do Sato em Blumenau. Abram logo os sigilos do Okamotto e... por que não do Sato também?", provocou o prefeito.
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