21.4.06

Curitiba ontem.

Com Stédile, Chávez pede votos para Lula, o 'herói do Brasil'
Ao contrário do venezuelano, Requião foi vaiado e perdeu a compostura ao atacar os manifestantes


Em meio às costumeiras críticas ao presidente americano, George W. Bush, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em visita ontem a Curitiba, pediu votos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso para cerca de 1.500 militantes da Via Campesina, integrantes do MST, representantes de sindicatos e estudantes, no Teatro Guaíra, ele chamou Lula de "herói do Brasil".

Ao lado de um dos líderes do MST, João Pedro Stédile, Chávez lembrou que o dirigente é um crítico do modelo econômico do governo Lula. Mas aclamou: "Lula é o homem para o Brasil neste momento. O movimento popular não pode permitir que a direita volte ao poder." À noite, ele viajou para Brasília, onde se encontrou com Lula no Palácio da Alvorada.

Em Curitiba, o presidente venezuelano disse que todo governo de direita acaba "ajoelhando perante o império norte-americano". "A volta da direita seria um golpe não só para o Brasil, mas para a Venezuela e para o projeto de união da América do Sul e a integração da América Latina." Segundo ele, a América do Sul está ganhando nova fisionomia com o seu governo e os de Evo Morales na Bolívia, Néstor Kirchner na Argentina, Nicanor Duarte no Paraguai e Tabaré Vázquez no Uruguai. "Necessitamos de Lula aqui", afirmou. "Estamos obrigados a manter a unidade porque é isso que nosso povo reclama."

Unidade em torno da Aliança Bolivariana das Américas (Alba) em oposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é o que Chávez não cansou de citar nos dois discursos que fez em Curitiba - um para empresários e outro aos movimentos populares. Depois, deu entrevista, mas apenas quatro jornalistas puderam participar. E só um era brasileiro, da TV Educativa, do governo do Paraná.

No primeiro evento, no Palácio Iguaçu, Chávez e o governador Roberto Requião (PMDB) assinaram convênios de integração nas áreas ambiental e de tecnologia. Requião informou que nas duas rodadas de negociação foram feitos acordos de cerca de US$ 420 milhões.

Em discurso aos empresários, Chávez condenou o capitalismo. No Teatro Guaíra, teve ao lado na mesa, além do governador e de Stédile, o bispo de Curitiba, d. Ladislau Biernaski, e a cantora Beth Carvalho.

VAIAS

Se Chávez foi aclamado, Requião foi fortemente vaiado ao discursar no Teatro Guaíra. E perdeu a compostura, chamando os manifestantes de "representantes de pequenos movimentos de merda".

Quando teve seu nome citado no início da solenidade, as vaias foram poucas. Mas o discurso que se seguiu quase foi sufocado pelo protesto.

As declarações de Requião irritaram a platéia. Primeiro, o governador defendeu Lula das denúncias de corrupção - tratadas como "pequenas divergências, bobagens pequeno-burguesas" -, dizendo que o mais importante era ele ter resistido à internacionalização da economia. Depois, falou da questão do nepotismo, pois os deputados governistas, sob sua orientação, derrubaram uma proposta de emenda constitucional que acabaria com esse privilégio no Estado. "O que importa se um secretário é parente do governador?" Referia-se a seu irmão Maurício, que é secretário da Educação.

Começaram as vaias. "Tem pessoas que não conseguem entender a contradição fundamental e se servem de questões pequeno-burguesas, no divertimento e no desvio da luta do povo", conseguiu dizer.

Mais tarde, Requião voltou a falar sobre o projeto antinepotismo que ajudou a derrubar: "A proposta era 'venérea' (em referência ao deputado petista Tadeu Veneri, que apresentou o primeiro projeto). O governo mandou uma proposta de verdade, mas os covardes fugiram dela." E ouviu mais vaias. Novamente bateu forte: "É uma minoria que tenta dividir o movimento social. São covardes, é uma minoria de merda."
Estadão

2 comentários:

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