3.4.06

Coaf censura movimentação Okamoto

Okamotto: governo censura movimentação bancária

Mesmo quando a CPI dos Bingos consegue ter acesso às movimentações financeiras do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, as informações são censuradas. O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, sobre as atividades bancárias do amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está parcialmente coberto com várias tarjas negras, supostamente sobre os nomes dos parentes dele.

A CPI dos Bingos aprofunda esta semana a devassa na vida pessoal de Okamotto. Os parlamentares querem descobrir como o Japonês, como é conhecido, se transformou no mecenas da família do presidente Lula.

Na semana passada, a CPI quebrou o sigilo do relatório do Coaf para descobrir todo o conteúdo sob as tarjas negras.

Um deputado, também amigo de Lula, admite situações em que empresários teriam pago ""pequenas despesas"" de cabeças coroadas do PT, incluindo o próprio Lula. Mas o caso de Okamotto é especial. Esteve por mais de duas décadas na área financeira das campanhas de Lula e ganhou a presidência do Sebrae, onde administra R$ 900 milhões por ano.

A primeira contribuição oficial de Okamotto a Lula aconteceu na campanha de 2002 à Presidência, quando doou tímidos R$ 500. Em abril do mesmo ano, ele teria quitado dívida de R$ 26 mil da filha do presidente, Lurian, segundo a revista Veja.

O mecenato de Okamotto ficou mais forte a partir do fim de 2003 e início de 2004. Ele não soube explicar à CPI dos Bingos, em novembro, a razão de ter quitado dívida de R$ 29.400 de Lula. Uma parcela de R$ 13.600 foi destinada ao pagamento de viagem da primeira-dama Marisa Letícia à China.

Okamotto disse que, para pagar as dívidas da família Lula, pegou R$ 12 mil da esposa, Dalva Aparecida Okamotto, uma das sócias da empresa Red Star, que vende broches e canetas do PT. O nome em português é Estrela Vermelha, símbolo do partido. Okamotto saiu da sociedade da Red Star em junho de 2003.

Apesar do dinheiro suficiente para financiar a família de Lula, a empresa de Dalva não conseguiu até a última sexta-feira tirar uma certidão negativa na página da Receita Federal na internet, por supostos problemas com o Fisco.

Também em 2004, Okamotto contribuiu com R$ 24.800 para a campanha do deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), na eleição para a Prefeitura de São Bernardo do Campo. Okamotto foi 14 vezes mais generoso que o próprio Vicentinho, que doou R$ 1.700 para a própria campanha.


Somadas as doações para a família Lula e para Vicentinho, chega-se a um total de R$ 54.200. A CPI pediu a quebra de sigilo de Okamotto, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) negou. No mandado de segurança impetrado no STF foram anexadas petições com informações prestadas pelos bancos Intercap, Indusval, Sofisa, Industria e Comercial, BPN, VR e Banco do Estado de Sergipe. Só a quebra do sigilo pedida pela CPI poderá revelar que informações confidenciais são essas.

A agenda da CPI prevê ainda, para nesta semana, a acareação entre Okamotto e o ex-militante petista Paulo de Tarso Venceslau.
JBonline