8.4.06

Banco Brasil demite. Coaf nega!

Acusado, funcionário deixa BB
O governo agiu para eliminar outro foco potencial de crise. Na quinta-feira, José Luiz Cerqueira Cesar, vice-presidente de Tecnologia do Banco do Brasil (BB) desde janeiro de 2003, deixou o cargo. Em nota, o BB informou que ele saiu para enfrentar "novos desafios profissionais". A saída não foi uma movimentação burocrática corriqueira. A exoneração ocorreu um dia depois do depoimento do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Felix, à Comissão Mista de Atividades de Inteligência do Congresso. Na sessão, reservada, Cesar foi citado por pelo menos quatro oposicionistas como autor ou mandante de supostas violações de seus sigilos. Ao Blog do Noblat, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) disse que fora informada por dois colegas de que sua conta no BB era monitorada. O Banco do Brasil considerou absurda a hipótese de monitoramento das contas de qualquer cliente.

Órgão sustenta que não tem acesso a contas
Em nota divulgada à noite pelo Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) defendeu o procedimento adotado em relação às informações bancárias do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Na nota, o Coaf reitera que não faz "investigações ou devassas" na vida das pessoas. Diz ainda que não tem acesso a contas bancárias e sua atuação só ocorre "após o recebimento de uma Comunicação de Operação Suspeita proveniente das entidades obrigadas (instituições financeiras)".
Segundo a nota do Coaf, os "relatórios de inteligência" que produz são elaborados por informações recebidas das instituições financeiras e por outras disponíveis em seu banco de dados. Segundo a nota, esses relatórios são protegidos por sigilo bancário e encaminhados às autoridades competentes (Polícia Federal e Ministério Público), "para as providências que julgarem cabíveis". Alega ainda que "muitas vezes" esses relatórios são remetidos em menos de 24 horas para as autoridades competentes.
A nota não explica, porém, o critério que levou o Coaf a produzir relatório como esse sobre uma movimentação atípica feita em um período curto de tempo (três meses) e de valor bastante baixo se comparado aos milhões diariamente informados pelos bancos e analisados pelo órgão. Contrariando informação da PF, o Coaf afirma que o ofício que recebeu da instituição, datado do dia 5, solicita apenas informações de "natureza estatística".
Estadão