Acidente suspeito adia sessão sobre propina em prefeitura
Máquina de empresa acusada de envolvimento em irregularidades rompe cabo de luz e inviabiliza audiência
Uma retroescavadeira estourou o cabeamento de luz do Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, ontem de manhã, e provocou o adiamento para daqui a 4 meses da mais esperada audiência sobre o esquema de corrupção na administração Celso Daniel (PT), prefeito assassinado a tiros em janeiro de 2002.
Frustrados e irritados, os promotores que investigam fraudes no governo municipal suspeitam que a ocorrência pode não ter sido mero acidente e requisitaram perícia na máquina, que pertence à Projeção Engenharia Paulista de Obras - apontada pelo Ministério Público como uma das empresas favorecidas pelo esquema de propinas que pode ter financiado campanhas do PT, inclusive a de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, há 4 anos.
A audiência de depoimento das seis testemunhas de acusação estava marcada para 10 horas. Cerca de 30 pessoas foram mobilizadas. Além dos acusadores - entre eles a empresária Rosângela Gabrilli, vítima de extorsão, e o médico João Francisco, irmão de Daniel - estavam no fórum todos os réus, seis ao todo, seus advogados, os promotores, quatro estenotipistas, outros servidores e a juíza Elaine Matheus da Silva, da 1ª Vara Criminal.
Segundo o Ministério Público, a Projeção pertence ao empresário Ronan Maria Pinto, réu na ação penal por formação de quadrilha e corrupção. Também são acusados o ex-vereador Klinger Souza (PT), o ex-segurança de Daniel, Sérgio Gomes da Silva, e outros empresários. A Projeção foi contratada para executar a construção de uma rampa para acesso de presos ao fórum.
Ontem, pouco antes da audiência, o trator rompeu a rede de luz, deixando o prédio do Judiciário às escuras e os computadores desligados. A audiência da propina teve de ser cancelada. "Pode não ter sido apenas um caso de imperícia", suspeita o promotor Roberto Wider, que integra força-tarefa do Ministério Público para investigação sobre casos de corrupção.
A Projeção já foi acusada de ter recebido dinheiro a mais para recuperar brisés - placas de concreto - que adornam o prédio do fórum. Segundo denúncia do Ministério Público, em conluio com Klinger Sousa a empresa teria participado de fraude à Lei de Licitações.O negócio foi realizado entre dezembro de 1998 e março de 1999.
Estadão
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