16.8.06

Wellington Salgado

Novo líder do partido é alvo de ação judicial em Goiás
Faculdade ocupa área do governo cedida a entidade e revendida a Salgado em transação considerada suspeita
Recém-empossado no cargo de presidente da Comissão de Educação do Senado e ontem nomeado líder do PMDB na Casa, o empresário Wellington Salgado é dono de uma rede de ensino superior instalada em 11 cidades e alvo de uma ação popular na Justiça de Goiás para devolver ao Estado um terreno de 5.388 metros quadrados.
Salgado foi acusado de simular, em 1996, um contrato de comodato com o então presidente da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cnec) e hoje presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para ocupar o imóvel por 20 anos, podendo renová-lo por mais 20. Só que a cláusula 4 revela a existência de um documento paralelo definindo um pacto de compra e venda.
A faculdade de sua família em Goiânia, com 12 mil alunos, funciona neste imóvel, avaliado em R$ 4 milhões, que foi doado pelo Estado de Goiás à Cnec, em 1953, para edificar uma escola para crianças carentes. Salgado afirma que comprou o terreno e na época não conhecia Renan. "Ele só assinou, quem vendeu foi o outro presidente", alegou.
O presidente do Senado disse que a negociação foi feita pelo então superintendente da Cnec, Felipe Tiago Gomes, que morreu em setembro de 1996. "Eu era presidente honorário, só assinei por ele", defendeu-se. Renan ficou de apresentar, em breve, um parecer do Ministério Público que teria avalizado a transação.
Sobre a escolha de Salgado para a Comissão de Educação, o presidente do Senado disse que chegou a pedir que ele não se candidatasse ao posto. Para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), porém, o próprio Salgado deveria ter evitado assumir o cargo. "Por mais que se comporte corretamente, por ele ser ligado ao ensino privado há uma incompatibilidade", alegou.
Péres chamou a atenção para o fato de Salgado chegar ao Senado na condição de suplente, pela vaga aberta com a indicação de Hélio Costa (PMDB-MG) para comandar o Ministério das Comunicações. "Sem nenhum ofensa a ele ou a outros suplentes, acho uma excrescência exercer mandato sem um voto numa democracia", atacou.
Salgado garantiu que se sente confortável no cargo, por ser tratar de uma área que conhece. O parlamentar afirmou, ainda, que não há incompatibilidade da atividade legislativa que vai exercer com os seus interesses particulares.
O senador se irritou com comparações da sua atual situação com a fábula da raposa vigiando o galinheiro. "Primeiro, não sou uma raposa, sou um senador." E acrescentou: "Quem entende de educação tem de ser da Comissão de Educação e, se eu fizer algo de errado, serei censurado pelos meus pares."
SUASSUNA
O senador foi indicado para a Comissão de Educação e para a CPI dos Sanguessugas pelo líder licenciado do PMDB, Ney Suassuna, acusado de envolvimento no esquema. Salgado foi o único dos 36 titulares da comissão que rejeitou o parecer que pede a abertura de processo contra 72 parlamentares.
Um dia antes da votação, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), acusou Salgado de ser "um constrangimento, uma vergonha para o Congresso". Gabeira disse, também, que ele recebeu ilegalmente de Renan o terreno em Goiânia.
Suassuna conseguiu indicar Salgado como seu substituto na liderança do PMDB pelos próximos 60 dias. Nesse período, espera ver concluído o processo a que responderá no Conselho de Ética do Senado.
Estadão

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