Lula ensaia temas polêmicos para entrevista na TV Globo
Presidente treinará com assessores a responder perguntas sobre mensalão e caixa dois
Palácio do Planalto avalia que adversário tucano ficou acuado durante entrevista em que teve de responder sobre os ataques do PCC
O Planalto considerou "implacável" a entrevista do "Jornal Nacional" com o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) e já prepara o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um embate ao menos tão duro como o enfrentado anteontem pelo adversário tucano à Presidência.
O petista, que será entrevistado amanhã pelo telejornal global, vai ser treinado por uma equipe de assessores palacianos, composta por Miriam Belchior e Clara Ant, além do marqueteiro João Santana, responsável por toda a publicidade da campanha petista a presidente.
Preocupado com o alcance e a repercussão do "JN", o presidente vai estudar como responder sob pressão a temas espinhosos, como o mensalão, o caixa dois e o financiamento irregular do PT, além da participação federal na crise de segurança pública em São Paulo.
No Planalto, perguntas sobre a crise até hoje não esclarecidas por Lula são dadas como certas na entrevista de amanhã. O petista ensaiará como se desvencilhar de saias justas como a citação nominal de seus "traidores" e seu suposto conhecimento prévio das irregularidades petistas de campanha passadas.
Na campanha de 2002, o presidente também se preparava exclusivamente para entrevistas e debates importantes, mas quem coordenava tudo era o marqueteiro Duda Mendonça, hoje afastado oficialmente do PT, depois que admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões em paraísos fiscais, no esquema de caixa dois do partido.
A avaliação ontem no Planalto era que a participação considerada "negativa" de Alckmin se deu muito mais pelo ritmo duro das perguntas do que pelas respostas do tucano.
Na entrevista, o ex-governador passou a maior parte do tempo acuado. Gastou quase a metade da entrevista falando sobre os ataques do PCC e teve de rebater questões sobre a distribuição da publicidade da Nossa Caixa a aliados e o engavetamento de várias CPIs na Assembléia Legislativa.
A oposição teme que haja um suposto acordo entre a campanha petista e a Rede Globo para que fosse feita apenas uma pergunta sobre corrupção, o que foi desmentido por assessores.
Como Lula já sinalizou que não deve participar de debates no primeiro turno da disputa, o PT e o Planalto acreditam que entrevistas na TV podem ser decisivas para eventuais comparações com Alckmin.
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário