Senador Álvaro Dias impõe silêncio à líder do PT no plenário
O PT teve péssimo desempenho no plenário do Senado na tarde desta quinta-feira. Os problemas começaram quando Ideli Salvatti (SC) resolveu criticar o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Na véspera, Bornhausen apresentou questão de ordem contra os responsáveis pelo programa "Voz do Brasil" porque eles excluíram do noticiário de segunda e de terça-feira pronunciamentos feitos por ele, pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A líder do PT resolveu atacar Bornhausen e fazia afirmações mentirosas no microfone do Senado (afirmando, por exemplo, que o senador catarinense teria sido ministro da ditadura, o que nunca aconteceu) quando foi surpreendida pela entrada do presidente do PFL no plenário.
Segundo relato do repórter da Folha Online “Bornhausen entrava no plenário no momento em que foi citado e pediu a palavra surpreendendo a senadora.
"A senhora não esperava que eu estivesse aqui porque é do seu perfil falar pelas costas", disse Bornhausen.
Ele repetiu as críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teriam motivado a censura aos pronunciamentos dos líderes da Oposição.
“Critiquei a ousadia pretendida pelo presidente Lula de defender dignidade, honra e ética no meu estado. E o fiz muito consciente que não era ousadia, era abuso, já que ele não tem autoridade moral, porque permitiu o ’valerioduto’, o ’mensalão’, os ’vampiros’ e os ’sanguessugas’. Quanto às considerações de natureza pessoal feitas pela senadora, deixo de responder porque ela não merece resposta – afirmou Jorge Bornhausen.
"Aos gritos, Ideli tentou retomar a palavra, mas foi impedida pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) que presidia a sessão.
"Vossa excelência se cale. A senhora não tem autoridade política nem moral para dizer o que a presidência tem que fazer", afirmou Dias.
Alvaro Dias lembrou que o presidente Renan Calheiros, na sessão de quarta-feira (2), logo após ouvir a denúncia da censura por parte da Rádio Senado, determinou a apuração do fato.
Em seguida, Dias voltou a negar, com firmeza e determinação, os insistentes pedidos de direito de resposta feitos por Ideli, lembrando que ela é que agredira Bornhausen.
Reafirmando ter sido vítima de censura, Tasso Jereissati comunicou que o próprio diretor da Secretaria de Comunicação Social do Senado o procurou para pedir desculpas pela ausência do seu discurso no programa Voz do Brasil, garantindo que tal fato não se repetirá. Visivelmente irritada, a petista teve de agüentar calada.
O senador Jorge Bornhausen, em nome do PFL, voltou ao microfone e fez pronunciamento impecável, relatando que coube a ele, ao lado de Marco Maciel, José Sarney e Guilherme Palmeira, a condução do processo político que deu fim ao regime militar no Brasil.
Bornhausen condenou o governo Lula por lançar a idéia de reforma política e de Constituinte para jogar cortina de fumaça sobre o escândalo dos sanguessugas.
Ele citou dados sobre todos os projetos aprovados pelo Senado para moralizar a política que foram ignorados por Lula.
Vários senadores pediram aparte, caso de Jéferson Peres (PDT-AM), Sibá Machado (PT-AC), Cristovam Buarque (PDT-DF), Tião Viana (PT-AC) e Marco Maciel (PE), entre outros.
Quando conseguiu falar de novo, a líder do PT passou a atacar as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. O contra-ataque veio dos senadores Heráclito Fortes (PFL-PI) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Os dois responderam às acusações da senadora de que a venda da Vale do Rio Doce teria sido um "prejuízo de lesa pátria".
"A Vale do Rio Doce está produzindo hoje, imagine se estivesse nas mãos do PT e dos sanguessugas aonde estaria? Acabaria como um prato cheio de corrupção para esse governo", disse Heráclito. "O que dá pena é ver as estatais em mãos de gente tão corrupta", complementou Tasso Jereissati.
Heráclito Fortes (PI) disse que "felizmente o governo anterior teve a coragem de diminuir o tamanho do estado e acabar com o vertedouro de corrupção", pois, na sua avaliação, se a Vale do Rio Doce continuasse estatal, "seria um prato cheio para o atual governo".
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