Dirigente do PT e amigo de Lula daria suporte à máfia
Rochinha, hoje chefe de gabinete de Berzoini, indicaria à Casa Civil emendas de interesse dos sanguessugas
No depoimento ontem à CPI dos Sanguessugas, o empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam, revelou que a máfia dos sanguessugas contava com a ajuda de um petista de alta patente. Trata-se de Francisco Rocha da Silva, o Rochinha - dirigente do partido, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atual chefe de gabinete do presidente do PT, Ricardo Berzoini. De acordo com Vedoin, ele fazia a ligação entre o Ministério da Saúde e a Casa Civil da Presidência. Nos tempos do ministro Humberto Costa, Rochinha dava expediente na Saúde como assessor especial e, para garantir a liberação rápida do dinheiro, indicava à Casa Civil as emendas de interesse dos sanguessugas.
Segundo o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que presenciou o depoimento de Vedoin, quem acompanhava o trabalho de Rochinha era José Airton Cirilo, dirigente do PT do Ceará aparentemente envolvido até o pescoço no esquema das ambulâncias. "Rochinha fazia a interlocução do Ministério da Saúde com a Casa Civil", disse o deputado, após o término do depoimento do dono da Planam.
Cirilo teria contado a Vedoin que Rochinha acertava com a Casa Civil as emendas que deveriam ter prioridade. Mas o chefe da máfia garantiu nunca ter-se encontrado pessoalmente com Rochinha. De acordo com essa versão, a participação do petista se dava nas sombras, sem que os empresários do esquema entrassem em contato com ele.
O mesmo não se pode dizer de Cirilo, que operava na linha de frente, em permanente contato com os empresários. Ex-presidente do PT no Ceará e membro do Diretório Nacional, foi ele quem acertou com Vedoin o pagamento das emendas dos sanguessugas . Ele chegou a receber R$ 867,7 mil nas contas dos intermediários José Caubi Diniz e Raimundo Lacerda Filho.
O ex-assessor especial do Ministério da Saúde afirmou que em nenhum momento teve encontros ou entendimentos com o dono da Planam.
Rochinha disse também que nunca teve discussões a respeito de liberação de recursos de emendas do Ministério da Saúde com o petista José Airton Cirilo.
"Eu não vou entrar nesse jogo. Nunca conversei com José Airton sobre isso e não era a minha função cuidar de emendas. Isso é uma grande lambança", afirmou.
CAMPANHA
Na opinião de Rochinha, setores da mídia estariam patrocinando uma campanha contra a reeleição do presidente Lula e nem sequer investigaram o que aconteceu no governo anterior em relação às ambulâncias.
"Ele (Vedoin) precisa dizer para onde foram as primeiras cem ambulâncias. Parece que os envolvidos não participaram da base de Fernando Henrique Cardoso", disse Rochinha.
Ainda de acordo com o petista, a única parte verdadeira do depoimento de Vedoin estaria no fato de ele nunca ter mantido qualquer contato com o chefe da máfia dos sanguessugas. Todo o resto seria mentira.
"Ele já citou um mundo. Por que vou dar resposta a um criminoso que eu nunca vi?", perguntou.
Estadão
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