6.8.06

Denúncia foi em vão

Nildo diz que denúncia foi em vão
Ex-caseiro da casa do Lago Sul afirma que acusados estão livres e admite: não sabia que Palocci era tão poderoso

Cinco meses depois de denunciar, em entrevista ao Estado, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, afirma que está decepcionado com o País. Ele diz que, em vez da punição dos culpados, está ocorrendo o contrário - Palocci e os demais envolvidos em escândalos em plena campanha, sem nenhum tipo de reação dos brasileiros.

"Parece que quem fala a verdade perde e quem mente ganha", desabafa Nildo. Da sua parte, o caseiro acha que saiu prejudicado pelo fato de revelar que Palocci freqüentava mansão no Lago Sul de Brasília, alugada por um grupo de lobistas de Ribeirão Preto. Após a denúncia, o sigilo da conta de Nildo na Caixa Econômica Federal foi quebrado a mando de Palocci, segundo investigação da própria Polícia Federal.

Ele lamenta que, pela primeira vez, desde os 11 anos, está desempregado. "A gente telefona, mas na hora que digo o meu nome, perguntam se sou o caseiro da casa de Ribeirão. Quando digo que sim, desconversam, ficam de ligar de volta e a coisa fica por aí", relata. "Não dá para ficar parado."

O caseiro informa que foi preterido para uma vaga de vigia numa embaixada, justamente porque foi alvo de investigação da PF. Enquanto isso, Nildo está se mantendo com a ajuda dos irmãos e com o restante dos R$ 25 mil que recebeu de seu pai biológico, Eurípedes Soares. Dinheiro que ele pensava em usar na compra de uma casa.

"Na situação de hoje do Brasil, a verdade só serve para a gente ensinar aos filhos e não para praticar", queixa-se o ex-caseiro da mansão do Lago Sul. Se soubesse que a sua situação ficaria tão difícil, Nildo sustenta que teria pensando duas vezes antes de relatar tudo o que sabia a respeito do ministro. "Eu sabia que ele era poderoso, mas não tão poderoso assim."
Estadão

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