Ao admitir em sua entrevista ao “Jornal Nacional” que tinha conhecimento de que o PT lhe cobrava uma dívida de cerca de R$ 30 mil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contradisse o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que afirmara ter pagado a dívida do presidente sem avisá-lo. Em seu depoimento na CPI dos Bingos, em 22 de novembro passado, Okamotto afirmou que jamais conversou com o presidente sobre o assunto. E relatou como tratou da questão no PT.
— Eu achei que não deveria encaminhar a cobrança desses valores ao presidente. Disse mais (ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares): disse que não se estava dando o tratamento adequado a essa questão — disse Okamotto aos senadores, relatando conversa com Delúbio.
Okamotto afirmou na ocasião que pagou a dívida com recursos próprios para não incomodar o presidente com algo que ele não considerava dívida, mas uma confusão contábil. Na contabilidade do PT, a dívida de R$ 30 mil é atribuída a adiantamento salariais de Lula e a gastos em viagens internacionais, entre outras despesas.
— Como não queria constranger mais ninguém, principalmente o presidente Lula, com essa discussão, e nem o dirigente Delúbio Soares, mesmo achando que ele estava errado, eu, então, indaguei a ele como resolver essa questão. Ele colocou que, para resolver essa questão, precisava ser pago, junto à tesouraria do Partido, o valor de R$ 29.436,26. A única forma de fazê-lo seria por meio de dinheiro — explicou ainda Okamotto em seu depoimento à CPI.
“Quer pagar, você paga”
Já na sua entrevista ao “Jornal Nacional”, contudo, o presidente Lula contradisse a versão do presidente da Sebrae , seu amigo.
— Ele (Okamotto) admite que cometeu um erro de não ter descontado na minha indenização quando eu me afastei do PT. Segundo, eu não devo ao PT, portanto eu não deveria pagar. O que eu disse é o seguinte: quer pagar, você paga, porque eu não vou pagar, porque não devo ao PT — afirmou anteontem, durante a entrevista à TV Globo.
O presidente Lula ainda voltou a afirmar que não reconhece a dívida paga por Okamotto.
— Se entendesse que tivesse qualquer culpa ficaria muito mais barato ter pago os R$ 29, R$ 28 ou R$ 27 mil. E eu continuo dizendo, quero aproveitar até a pergunta para dizer o seguinte: olha, não devo, não tomei dinheiro emprestado e por isso não paguei — disse.
Problemas na CPI dos Bingos
O presidente do Sebrae afirmou por meio de sua assessoria que não ia comentar o assunto, pois considera que já falou exaustivamente sobre esse tema.
Okamotto enfrentou outros problemas na CPI. O economista Paulo de Tarso Venceslau, ex-petista, acusou o presidente do Sebrae de participar de um esquema de arrecadação para o PT. Na acareação entre os dois, Paulo de Tarso disse que Okamotto recolheu listas de fornecedores de prefeituras para pedir recursos para o partido nos anos 90.
— Nunca pedi lista ao senhor. Isso é mentira! — negou Okamotto.
Globo
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