13.8.06

De Marighella a Marcola

Em 1964 os militares impediram que a guerrilha se transformasse em terrorismo, dando um basta nas ações de esquerda. Eis que agora eles retornam com o apoio do próprio governo brasileiro, juntamente com as milícias montadas como MST, MLST, Via Campesina e apoio de mais
de 150 facções organizadas dentro do Foro de São Paulo presidido por Lula da Silva. Junto ao PCC temos as FARC, que realizam treinamento
contínuo na fronteira Brasil/Paraguai, onde temos também especialistas islâmicos em terrorismo.

Neste momento, os fatos só vêm confirmar todos os alertas que vimos dando nos ultimos anos. A proposital presença de ONGs de DIREITOS HUMANOS está diretamente ligada à situação atual.

A GUERRILHA TOMOU O CONTROLE DO NOSSO BRASIL E SE ESPERARMOS MAIS, SE IMPLANTARÁ UM TERRORISMO ANTES JAMAIS VISTO POR ESTES LADOS.

LEIAM COM MUITA ATENÇÃO A NOTÍCIA QUE SEGUE, É DE VITAL IMPORTÂNCIA!

No jornal impresso estão editadas mais 3 cartas enviadas pelo PCC, as quais não foram disponibilizadas no jornal online. São elas:
- GRITO DOS OPRIMIDOS ENCARCERADOS
- CARTAS AOS CIDADÃOS
- MINI MANUAL DO GUERRILHEIRO URBANO (de Carlos Marighella)

Ana Prudente - Senado/SP - nº 360 (PTC)
www.anaprudente360.can.br

PCC se apropria de discursos da esquerda para ideologizar crime

Panfletos mostram que, para ganhar adeptos, facção utiliza os jargões de movimentos sociais dos anos 1970

Bruno Paes Manso

"Grito dos oprimidos", "revolução", "libertação", "caminhada", "conscientização", "excluídos", "reparação das injustiças sociais" como justificativa para ataques e assassinatos. O Primeiro Comando da Capital (PCC) está se apropriando dos jargões usados pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e demais movimentos sociais marxistas que atuaram com força nas periferias de São Paulo nos anos 1970 e 80 na tentativa de elaborar um discurso que ofereça legitimidade à violência provocada nas últimas três ondas de ataques em São Paulo.

O Estado teve acesso a dois panfletos que tentam explicar à população os motivos dos ataques (leia trechos acima). O primeiro deles, intitulado Gritos dos Oprimidos Encarcerados, foi apreendido com outras 45 mil cópias em junho, na casa de Valdeci Francisco da Costa, o Cei ou Notebook, liderança do PCC no interior. Notebook é acusado de comandar a morte do vereador Paulo Sérgio Batista, do PSDB da cidade de Mairinque.

O segundo panfleto, chamado Carta aos Cidadãos, foi distribuído por familiares de presos. Nele, os autores, que assinam em nome da "população carcerária", pedem desculpas pelos ataques e reivindicam o status de "presos políticos" às lideranças da organização, por serem perseguidas "injustamente" pelas autoridades.

A politização do discurso dos criminosos paulistas é vista como uma novidade no cenário da violência em São Paulo. "São ainda falas toscas, mas que podem ser aprimoradas e ter um efeito persuasivo junto a uma parcela da população", avalia o professor de Filosofia e Ética da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano. "Isso é perigosíssimo. São falas que colocam ao jovem que ele não será simplesmente um ladrão de tênis ao aderir ao crime, mas um justiceiro. Assistimos à lenta e eficaz gestação de uma ideologia assassina."

Em 1968, Romano pertencia ao grupo de frades dominicanos que aderiram aos quadros da Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella. Ajudava em tarefas como viabilizar a saída de integrantes da organização do País e ficou um ano detido no Presídio Tiradentes. A ALN, em nome da revolução, comandou dois seqüestros no Brasil, assaltos a bancos, entre outras ações de guerrilha urbana. "O comportamento da esquerda da época era próximo ao banditismo. Eu não concordava com o modus operandi da guerrilha e por isso era chamado de principalista e liberal."

Quando os ataques do PCC começaram, Romano lembrou-se do Manual do Guerrilheiro Urbano (leia trechos acima), escrito por Marighella. Releu o nono capítulo e parecia ver a descrição do que acontecia em São Paulo. "O manual dá noções técnicas e retóricas da ação terrorista. A apropriação dessa linguagem pelos bandidos é estratégica. Os integrantes do PCC precisam se apresentar como injustiçados e, para isso, a construção de uma ideologia é fundamental."

O filósofo define ideologia como discursos e representações que apresentam uma realidade complexa com enunciados simplistas, investindo contra os fatos em benefício próprio. "Já disseram que os criminosos de Shakespeare seriam muito piores se tivessem uma ideologia. E isso é uma verdade."

E SE ELES ESTIVEREM CERTOS?

O teólogo Leonardo Boff, ex-frade da Igreja Católica, foi um dos protagonistas da expansão das Comunidades Eclesiais de Base no Brasil. Por conta de sua militância, influenciada por idéias marxistas, foi punido com o silêncio obsequioso pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, comandada na época pelo cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa Bento XVI. A punição levou o frade a desligar-se da Igreja.

Boff diz que vem colhendo material sobre o PCC. E afirma que já havia identificado a apropriação dos termos das CEBs entre os criminosos. O teólogo argumenta que há mais de 100 mil CEBs hoje atuando no Brasil, conscientizando a população mais pobre sobre as opressões e injustiças. E vê com naturalidade a politização do discurso dos criminosos. "E se os presos estiverem certos?", pergunta. "Será que não devemos ouvir para pensar como mudar a sociedade para melhor?"

Boff, que continua participando de discussões nas periferias brasileiras, defende a intensificação do diálogo para avançar. O diálogo, ele diz, é uma de suas estratégias nas pregações que faz em bairros mais pobres, onde precisa lidar com os bandidos. "Existem regras. Não podemos ser dedos-duros. Eles nos respeitam, pedem a bênção, beijam a mão e nos permitem subir os morros. Mas não escapamos da violência. Às vezes, somos obrigados a ceder, envergonhados, nossas sedes, para que os mortos sejam velados."

O teólogo acredita que a politização do discurso e a conscientização dos presos e criminosos é uma realidade que não pode ser negada. Para que a violência cesse, deve-se escutá-los. "Os universitários, sociólogos, antropólogos, psicanalistas, devem voltar às periferias. Há um fato novo e precisamos compreendê-lo para sermos capazes de enfrentar o desafio."

LÊNIN

A visão do ex-frade não é compartilhada pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), integrante da CPI do Tráfico de Armas. Pimenta iniciou a carreira política nos anos 80 defendendo a ditadura do proletariado. Marxista-leninista de carteirinha, acreditava que o materialismo dialético dava conta de explicar o movimento da sociedade. Com o colapso do comunismo, mudou de idéia e hoje acredita que a democracia é o principal valor a ser defendido.

Em junho deste ano, como deputado da CPI, colheu o depoimento de Marcos Camacho, o Marcola, com quem travou um insólito diálogo sobre as influências leninistas do criminoso.

PP - Essa estrutura de vocês é uma estrutura leninista?

M - A gente leu muito sobre Lênin, sobre a formação do Partido Comunista.

PP - Mas preso comum estudando Lênin?

M - Claro, por que não?

PP - Eu já estudei bastante Lênin, agora, eu quero entender o seguinte... Por quê?

M - Porque ele (o preso) foi acordado, foi conscientizado, numa determinada época, de que os direitos dele, enquanto ele não soubesse que ele tinha determinados direitos, eles jamais seriam concedidos, o senhor entendeu? Então foi uma forma... foi um despertar.

Além de Lênin, Marcola disse que Mao Tsé-tung era outra influência. Pimenta não levou a lábia de Marcola a sério. Ele acredita que o discurso politizado do líder do PCC se trata de uma estratégia do crime organizado para arregimentar forças na sociedade. "A prática não tem nada a ver com o discurso. Eles falam em libertação, mas se firmam em cima de valores como a violência, apostam na opressão, no autoritarismo e no terrorismo para controlar as cadeias. São assassinos."

Pimenta acredita que a revolta e a violência dos integrantes do PCC não podem ser comparadas com a ação e as idéias dos revolucionários e guerrilheiros esquerdistas dos anos 60 e 70. "Aquele era um período de exceção, havia uma ditadura militar, que torturava e assassinava. Hoje existem criminosos que buscam ganhar dinheiro para o fortalecimento de uma organização que visa a prática de crimes." Ao invés de diálogo, Pimenta defende o endurecimento da legislação contra integrantes dos grupos organizados. "Precisamos de uma legislação capaz de punir esses criminosos com mais rigor."

O professor de Filosofia da Unicamp João Quartin de Moraes, que nos anos 60 pertenceu à Vanguarda Popular Revolucionária e hoje é filiado ao PC do B, também vê como novidade o discurso politizado dos criminosos. E não acredita que haja qualquer demanda sincera por mudanças no discurso dos criminosos. "Quando eles falam que existe uma situação carcerária insuportável e odiosa, são certeiros no discurso. Mas qual é o objetivo que eles buscam? Certamente eles estão pensando nisso. Os palestinos têm objetivos. Os criminosos estão em busca de um. Por enquanto, só resta a eles o uso da força para chamar a atenção."

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Auxiliar passou o dia em garagem e não viu o colega

Logo que o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado e o repórter Guilherme Portanova foram colocados no carro dos bandidos receberam a ordem de cobrir a cabeça com a camisa. Até o cativeiro, foram cerca de 20 minutos, disse Calado aos policiais. Na casa de alvenaria, ele passou o dia sem comer e de cabeça baixa em uma garagem, onde havia uma moto e um carro cinza. O auxiliar não viu mais o colega desde a chegada ao cativeiro. Os criminosos se tratavam por “Tio” e “João” e o dia todo tocou funk. Quando ele foi colocado no porta-malas de um carro, os criminosos fizeram a ameaça: “Seu colega vai morrer se não passar nossa fita na televisão.” Calado foi deixado na entrada da Globo, em estado de choque.

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