2.8.06

Filha de Fidel

Mais do que filha, sou uma cubana exilada´
Mas Alina Fernandez, filha de Fidel Castro exilada nos EUA, diz que não quer mais falar sobre o pai ou Cuba


Alina Fernandez Revuelta, filha ilegítima de Fidel Castro e exilada em Miami desde 1993, se nega a falar sobre a atual situação em Cuba depois que seu pai, a quem se refere como 'o comandante', transferiu provisoriamente seus poderes ao irmão Raúl. Contatada ontem por telefone, Alina se negou a especular sobre a questão: 'Recebi a notícia como todas as pessoas, pela televisão. Não quero mais falar sobre isto', pediu.
Essa foi a segunda vez que Alina falou com o Estado, que a a contatou há duas semanas para entrevistá-la sobre o aniversário de 80 anos de Fidel, em 13 de agosto. Na ocasião, Alina chegou a abordar a eventual saída de Fidel do poder, manifestando o desejo de voltar a Cuba.
Fruto de um caso extraconjugal que Fidel teve na década de 50 com Natalia Revuelta, Alina nasceu em 1956 e só aos 10 anos soube ser sua filha.
Ela descreve a convivência com o líder cubano como 'terna', mas isto não a impediu de notar o que ocorria a seu redor. 'Sempre houve o discurso de que os países não tinham o direito de intervir nos outros, mas sabíamos que Cuba, uma ilhota mergulhada em um caos econômico, tinha soldados em Angola e Etiópia', recorda, referindose às intervenções militares na Etiópia entre 1977 e 1978 e em Angola até 1990.
Aos poucos, as promessas não cumpridas, a restrição das escolhas individuais, a falta de comunicação com o exterior avivaram em Alina o desejo de reafirmar a própria identidade.
Para tanto, não lhe bastou parar de falar com seu pai quando tinha pouco mais de 20 anos: ela também sentiu a necessidade de deixar seu país.
Disfarçada de turista espanhola, conseguiu chegar aos EUA no Natal de 1993, ano em que Cuba atravessava 'o período das necessidades especiais', causado pelo colapso da União Soviética em 1991. 'Os professores não iam à escola porque não havia transportes; se fossem, não havia eletricidade para dar as aulas', recorda. 'Minha filha de 16 anos ficou sem propósito ou futuro'.
Com a pressão da comunidade internacional, Alina conseguiu que a filha chegasse a Miami sete dias depois de sua fuga.
Por sua história de vida, relatada na autobiografia
Castro's Daughter - an Exile's Memoir of Cuba, Alina não consegue evitar que o sentimento de exilada suprima o fato de ser filha de Fidel. 'Mais do que sua filha, sou uma cubana que, assim como outros 3 milhões, se viu forçada a deixar seu país.'
Estadão

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