ABI defende fim de regime duro
Nota foi divulgada ontem, após PCC lançar discussão
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou nota ontem em que, ao mesmo tempo em que condena o seqüestro do repórter Guilherme Portanova, da TV Globo, afirma que o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) é "um estatuto jurídico de promoção da loucura". A manifestação foi feita um dia após o PCC forçar a TV Globo a exibir um vídeo em que o fim do regime é levantado como a principal reivindicação da facção.
Em entrevista ao Estado, o presidente da ABI, Maurício Azêdo, que assina a nota, reiterou a posição. "Achamos que o RDD é um instrumento de indução à loucura do preso porque, segundo as informações, tem direito a duas horas de banho de sol por dia, e fica confinado numa cela solitária, sem acesso a jornal, rádio e TV", disse. Segundo o presidente, quem já esteve preso sabe como isso é doloroso. "Falo isso porque estive preso, por motivos políticos."
Para Azêdo, o RDD é inconstitucional. "A Constituição foi elaborada após um período de privação de liberdades públicas e individuais. O sentimento é de que não haverá pena de degradação da pessoa humana."
O regimento usado para isolar lideranças de organizações criminosas e presos que cometem faltas graves, classificado por ele como "feroz", deve fazer o preso se sentir um rato. "Se o rato tem um ânimo, uma alma, alguma reação diante de alguma adversidade, a pessoa que está nessa situação reproduz o que seria a reação do rato."
Sobre a responsabilidade pela crise, disse que a União tem uma atuação omissa e um "ministro da Justiça (Márcio Thomaz Bastos) que comanda um aparelho policial preocupado em caçar corruptos e algemar pessoas que não estão resistindo". Afirmou também que o governo do Estado "patina na truculência do secretário Saulo (Abreu)".
Estadão
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