11.8.06

Risco Brasil

A decisão do Fed e o 'risco Brasil'

A queda do “risco Brasil” foi recebida, antes de ontem, com entusiasmo certamente exagerado, dando impressão de que a comunidade internacional passava a considerar o Brasil como terra de grandes promessas. Na realidade, refletiu apenas o alívio do mercado financeiro internacional com a decisão do Comitê do Mercado Aberto (FOMC) de manter a taxa básica de juros no mesmo nível.

Não foi só o “risco Brasil” que melhorou, o dos outros grandes países emergentes, também. E por que essa influência da decisão do FOMC sobre o “risco Brasil”? Lembremos que esse indicador é baseado na média ponderada dos prêmios que os títulos da dívida externa brasileira pagam aos investidores, em relação a papéis de prazo equivalente nos EUA (geralmente os Treasuries Bonds de 30 anos). Quando as autoridades monetárias norte-americanas decidem não aumentar a sua taxa básica de juros, é normal que não se elevem, no mercado, os preços dos papéis norte-americanos e que, paralelamente, os investidores estrangeiros se mostrem mais dispostos a adquirir papéis de países emergentes.

Já ontem, o “risco Brasil” e o de outros países emergentes acusaram ligeiro aumento no início das operações, mostrando claramente que a queda da véspera foi apenas pontual. Naturalmente, a melhora dos fundamentos da nossa economia tem contribuído para melhorar a “cotação” do País, ao mesmo tempo que a comunidade internacional não se inquieta com a possibilidade de reeleição de Lula em outubro, uma vez que no seu primeiro mandato ele ganhou sua confiança, com uma política ortodoxa. Essa confiança, aliás, deveria ser temperada com a lembrança de que o ministro da Fazenda não é mais Antonio Palocci, e mais, que o próprio Lula já não terá o objetivo de se reeleger.

A queda do “risco Brasil” tem efeitos importantes para a economia do País, nem todos positivos. Pode contribuir, por exemplo, para a apreciação da moeda nacional em relação ao dólar, pois favorece a captação de recursos externos, na medida em que reduz a taxa de juros, e favorece a entrada de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores e na compra de títulos da dívida mobiliária interna. Num momento em que se está prevendo um aumento das exportações, isso poderá obrigar o Banco Central a aumentar suas compras de divisas no mercado cambial ou o Conselho Monetário Nacional a elevar o porcentual de receitas de exportação livres de internalização.
Estadão

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