16.6.07

PF encontra indícios contra irmão de Renan

BRASÍLIA. A Polícia Federal encontrou indícios de envolvimento do deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão do presidente do Senado, Renan Calheiros, com a quadrilha desbaratada, mês passado, pela Operação Navalha. Além de ter o nome citado pelo dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, e por funcionários do governo de Alagoas acusados de fraude em licitações públicas, o deputado aparece em documentos apreendidos pela Polícia Federal em vários endereços da empreiteira e de outros suspeitos de envolvimento com a máfia.

Áudios, CDs, transcrições e documentos foram encaminhados ontem para o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que vai decidir se pede ou não a abertura de inquérito separado contra Calheiros e outros dois deputados no Supremo Tribunal Federal (STF). Os parlamentares têm foro privilegiado e não podem ser investigados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde corre o inquérito principal sobre o esquema de corrupção supostamente operado pelo dono da Gautama.

Além de Olavo Calheiros, a polícia encontrou indícios também contra os deputados Paulo Magalhães (DEM-BA), sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães, e Maurício Quintela (PR-AL). Os documentos encaminhados ontem referem-se a Calheiros e Quintela. Sobre Magalhães, a polícia informou que fará uma análise mais detalhada dos documentos, que deverão ser enviados ao Ministério Público na segunda-feira.

Nas anotações encontradas na Gautama, há referência a um suposto repasse de R$ 20 mil a Magalhães. A suspeita de envolvimento de parlamentares com o esquema da empreiteira semeou pânico no Congresso quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Navalha. O ministro da Justiça, Tarso Genro, para acalmar os ânimos, chegou a convocar uma entrevista coletiva para afirmar que não havia lista de parlamentares suspeitos ou inquérito aberto para investigar congressistas.

Um dos nomes mais citados à época era o do senador Renan Calheiros, que aparecia várias vezes nos diálogos entre pessoas presas durante a Navalha. Os indícios recolhidos pela PF sugerem que a atuação dos parlamentares ultrapassou o limite do tradicional pleito político de levar obras públicas para suas respectivas bases eleitorais. Há suspeitas de que teriam feito gestões também na liberação de recursos do governo federal beneficiando a Gautama em troca de propina.

Jornal do Brasil

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