Jornalista que hoje é "terror de Brasília" diz que amava demais
Pivô da crise que ameaça derrubar o presidente do Senado afirma que sociedade condena mulheres com casos extraconjugais; ela não descarta voltar à televisão
Pivô da crise que ameaça derrubar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a jornalista Mônica Veloso, 38, pensa em se mudar de Brasília: "Virei o terror da cidade".
Com uma filha de três anos, fruto do relacionamento com o senador, Mônica nega que tenha chantageado Renan e afirma que amou o peemedebista. "Amei, amei muito." Ela diz que os dois nunca procuraram se esconder e que, no início, Renan dizia que estava separado.
Após o escândalo, passou a ser reconhecida na rua. Diz ter apoio da família e dos amigos, mas afirma que "a sociedade, em geral, tende a recriminar" a mulher em casos extraconjugais. Ela nega que, antes de Renan, tenha namorado outros políticos. "Não sou alpinista social", diz a mineira de Nanuque, criada em Belo Horizonte.
Com 1,70 m e 58 kg, ela começou a carreira fazendo comerciais em Cuiabá (MT), mas não gosta do rótulo de modelo. Não descarta posar nua e gostaria de comandar um programa de entrevistas na TV. Questionada se é uma mulher bonita, desconversa: "Fotografo bem".
Mônica faz questão de se dizer "extremamente religiosa" -embora, em seguida, admita que vá pouco a cultos. Ela se diz evangélica, batista, apesar de ser adepta do Vale do Amanhecer: "Sou crente nova".
A jornalista diz que não está namorando e que tem preferido se dedicar às duas filhas. Freqüenta a academia de duas a três vezes por semana, gosta de sair para jantar e diz que dispensa festas e dança mal.
Está relendo o best-seller "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom. Cinéfila, inclui "Os Infiltrados", de Martin Scorsese, entre os preferidos: "Adoro filme inteligente".
Diz que adora moda, jóias e maquiagem, mas não é do tipo que "desconta o emocional" no shopping: "Vou para a análise".
"As coisas que começam errado não têm como dar certo'
FOLHA - Você teve um relacionamento com um político casado. Foi estigmatizada por isso?
MÔNICA VELOSO - A sociedade de uma maneira geral tende a recriminar, sim, mas tem os dois lados. Recebi muita crítica mas também muito apoio.
FOLHA - Como é esse apoio? É reconhecida na rua?
MÔNICA - Sou, as pessoas comentam umas com as outras. Mas não é isso. A solidariedade que eu recebi veio dos meus amigos, da minha família, que sabem a minha história de vida, sabem que eu não sou uma alpinista social. Eu não precisava em hipótese nenhuma me envolver em um relacionamento para me beneficiar.
FOLHA - Há uma insinuação de que você estaria chantageando Renan. Você gravou conversas com ele?
MÔNICA - Acho muito estranha essa história de chantagem. Nunca apareceu um laudo que fosse seguro, não tem nenhum material que eu possa ouvir para saber se a voz é minha...
FOLHA - Reconhece aquelas conversas na transcrição?
MÔNICA - Não reconheço. Não posso garantir que talvez o telefone dele não estivesse grampeado, como ele comentou. Mas eu não reconheço aqueles termos, parece um negócio meio de novela mexicana.
FOLHA - Como se conheceram?
MÔNICA - Trabalhando na Globo, eu fui gravar com ele. Depois eu voltei a encontrá-lo porque a [minha] produtora fez um programa para o horário eleitoral gratuito do PMDB. Nas duas ocasiões foi uma coisa bastante formal.
FOLHA - Você não se interessou logo de cara por ele, então?
MÔNICA - Não. Nem eu por ele, nem ele por mim.
FOLHA - Quando começaram o relacionamento, vocês tomavam cuidado para não serem vistos?
MÔNICA - De jeito nenhum, por isso em Brasília essa história não é nenhuma novidade. Jantávamos em restaurantes, íamos a lançamentos de livros, a eventos no próprio Senado. Até porque inicialmente ele me disse que estava separado.
FOLHA - Você se arrepende?
MÔNICA - As coisas que começam errado não têm como dar certo. Eu acho que aprendi muito, porque sofri demais. Não vou dizer que foi a relação ideal, mas a minha filha é uma bênção para mim.
FOLHA - Você pode dizer que amou o presidente Renan?
MÔNICA - Claro que sim. Amei, amei muito. Ele é um homem extremamente inteligente.
FOLHA - Engravidou por descuido?
MÔNICA - Não vou responder.
FOLHA - Teve que se esconder durante a gravidez?
MÔNICA - Não, o que aconteceu é que nós achamos mais conveniente que eu me mudasse. Apesar de eu não estar mais no vídeo, ainda era uma pessoa que, no meio dos jornalistas, era conhecida, porque Brasília é uma cidade provinciana.
FOLHA - Recebeu ameaças?
MÔNICA - Foi em 2004, eram ameaças por telefone.
FOLHA - Era uma voz feminina?
MÔNICA - Variava.
FOLHA - Desconfia de quem estava por trás dessas ameaças?
MÔNICA - Não.
FOLHA - Você teve relacionamentos com outros políticos?
MÔNICA - Não, inventaram toda sorte de relações. Eu virei o terror da cidade.
FOLHA - Nem o Luís Eduardo Magalhães [morto em 1998]?
MÔNICA - Não. Eu o conhecia, estive com ele em várias ocasiões, mas nunca houve nada.
FOLHA - Acha que está queimada na profissão?
MÔNICA - Tenho certeza que sim. Não sei se vou reativar a produtora, enveredar por outra seara, porque na política...
FOLHA - Não pensa em voltar à TV, talvez em um talk show ou em um programa de variedades?
MÔNICA - Não descarto, gosto muito de televisão. Talk show não é uma coisa que eu descarte não, acho que seria muito legal.
FOLHA - Pensa em deixar Brasília?
MÔNICA - Penso, porque a exposição foi muito grande e muito negativa.
FOLHA - Você se acha uma mulher bonita, sexy?
MÔNICA - Faz uma pergunta mais fácil [risos]. Acho que não tenho perfil de sex symbol. Acho que fotografo bem.
FOLHA - Recebeu alguma proposta para posar nua? Aceitaria?
MÔNICA - Até agora ninguém me ligou. Para eu poder fazer um comentário precisaria ser uma coisa oficial, mostrando como seria feito. Sem isso não dá nem para fazer conjectura.
FOLHA - Você se preocupa muito com a imagem?
MÔNICA - Hoje em dia não. Quando eu trabalhava na televisão, aí tinha uma preocupação maior. Mas não sou do tipo que desconta o emocional no shopping. Vou para a análise.
FOLHA - Que tipo de análise você faz? Há muito tempo?
MÔNICA - Freudiana. Faz pouco tempo. Acho que muita coisa que era mal resolvida a análise me ajuda a trabalhar melhor. Mas essa coisa do emocional para mim tem duas linhas. Uma é a análise. A outra é que sou extremamente religiosa.
FOLHA - Segue qual religião?
MÔNICA - Evangélica, batista, da Vale do Amanhecer.
FOLHA - Freqüenta cultos?
MÔNICA - Não vou demais, vou às vezes. Sou crente nova.
FOLHA - Está namorando?
MÔNICA - Não. Não estou namorando há muito tempo.
FOLHA - Por quê?
MÔNICA - Assim que a relação acabou, preferi ficar próxima das meninas [suas filhas], me reorganizar. E não apareceu ninguém que valesse a pena.
FOLHA - Está trabalhando?
MÔNICA - Não.
FOLHA - Nunca estranhou receber tanto dinheiro de Cláudio Gontijo?
MÔNICA - Não. Quando você tem um relacionamento com um homem e vocês têm um filho, você não vai ficar questionando se o pagamento de sua pensão é ou não em espécie. Isso parece óbvio agora, mas na época não me preocupava.
FOLHA - O que achou do discurso de defesa de Renan no Senado? E de ele ter se referido a você como "a gestante", sem falar seu nome?
MÔNICA - Ele escolheu uma linha e se manteve nela. Faz um certo tempo que não consigo reconhecê-lo.
FOLHA - Você sabia que ele era um produtor de gado bem-sucedido?
MÔNICA - Falava mais da fazenda, de pescaria. Às vezes ele falava de gado, mas não sei dizer se era do tamanho A, B ou C.
FOLHA - Ele disse que repassou R$ 100 mil para um fundo de educação.
MÔNICA - Foi acerto de pensão.
FOLHA - Gosta de política?
MÔNICA - Gostava muito. As circunstâncias me levaram a não ter mais muito interesse. Fiquei muito exposta e não vou dizer que hoje seja meu assunto predileto. Fiquei triste com a forma como exploraram minha intimidade, quando disseram o nome de minha filha no Conselho de Ética. Não precisava.
FOLHA - Acha que Renan pode ficar na presidência do Senado?
MÔNICA - Não gostaria de me manifestar sobre isso. Essa é uma questão que cabe aos pares dele decidir.
Folha
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