Equipe transmite, a partir de hoje, especiais sobre situação na Colômbia
Dois documentários sobre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) serão a ponta-de-lança de ambiciosa investida da TV Cultura na cobertura jornalística da geopolítica latino-americana - especialmente Colômbia e Venezuela. É o cartão de apresentação de Markun.
Os boletins serão enviados por uma equipe dirigida pelo jornalista Ricardo Soares, autor de 12 documentários para TV e que filma há 6 anos os conflitos colombianos. A equipe já foi enviada para Bogotá esta semana, de onde manda boletins diários a partir de hoje, às 22 h, para o Jornal da Cultura. Também serão exibidos dois documentários produzidos para a emissora sobre a guerrilha, nos dias 20 e 27, às 21 h. A produção executiva é de Marco Antonio Coelho Filho.
Os boletins, segundo a emissora, trazem notícias e entrevistas com paramilitares, guerrilheiros, políticos e intelectuais. O material desta noite mostra a libertação de guerrilheiros pelo governo. Também aborda a situação jurídica de Salvatore Mancuso, um dos chefes paramilitares na Colômbia, acusado por mais de 300 mortes de civis, entrevistado antes de sua prisão. Serão dez boletins de cerca de três minutos cada um, exibidos de segunda a sexta-feira, até o dia 27.
A série será exibida em dois episódios de uma hora cada um, no programa Cultura Mundo. Entre os entrevistados, o presidente colombiano Álvaro Uribe; o vice-presidente Francisco Santos, barão da mídia colombiana; o secretário-geral da Farc, Raúl Reyes; o principal chefe militar da Farc Mono Jojoy; o ministro da defesa Camilo Ospina; Luis Restrepo, negociador da paz; Arturo Alape, historiador do Bogotazo - revolta popular que deu início à atual guerrilha; Marco Aurélio Garcia, encarregado de assuntos internacionais do governo brasileiro. A produção também traz imagens inéditas de Manuel Marulanda Vélez, o Tirofijo, fundador das Farc.
Markun assume de olho no América Latina
Desafios do novo presidente da Fundação Padre Anchieta, gestora da TV Cultura, é abrir emissora para universo cultural continental e erradicar 'chapa-branquismo'.
Será nesta manhã, às 9h30, a cerimônia de posse do novo diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da Rádio e TV Cultura. Eleito no dia 7 de maio por assembléia do Conselho Curador da emissora (38 dos 41 conselheiros presentes votaram nele), o jornalista Paulo Markun assume para exercer um mandato de três anos, substituindo Marcos Mendonça, na função desde 2004.
Desde março já se sabia que Markun seria o eleito, por indicação direta do governador José Serra, que não via com bons olhos a gestão de Marcos Mendonça (indicado pelo seu antecessor, Geraldo Alckmin). 'Ele é a cara da TV Cultura, já que é o encarregado do (programa) Roda Viva', disse ao Estado, em abril, o secretário de Estado da Cultura, João Sayad. 'Qual é a tarefa da TV pública? Ele é um nome que tem condições de discutir isso.'
A emissora confirmou ontem que Âmbar de Barros (ex-Unesco) será a nova diretora de Infantis da emissora. O nome de Elói Gertel não foi confirmado como novo Diretor de Jornalismo.
Markun é figura consensual entre funcionários da emissora, onde é muito popular: iniciou sua carreira ali como repórter de TV em 3 de setembro de 1975, levado por Vladimir Herzog, o Vlado. Markun pouco falou desde sua indicação, esperando completar-se o rito legal de sua eleição.
Em seu livro mais recente, Meu Querido Vlado, Paulo Markun dedica um capítulo inteiro aos primórdios de sua carreira na TV Cultura. Lembra de um estudo de Herzog, Considerações Gerais sobre a TV Cultura, que buscava mudar a forma de relacionamento da emissora com o governo e os espectadores.
'Um telejornal de emissora do governo também pode ser um bom jornal e, para isso, não é preciso 'esquecer' que se trata de uma emissora do governo. Basta não adotar uma atitude servil', diz o documento. Outras preocupações daquele grupo, àquela época, era contrariar certa tendência da emissora ao 'elitismo, que levava a índices de audiência praticamente nulos'. Entre as recomendações, fazer com que a TV Cultura passasse a representar 'um canal de diálogo que permitisse à população manifestar aos governantes seus problemas, apreensões, queixas e sugestões'.
Na única nota que soltou à imprensa, Markun comentou que as prioridades da TV continuarão sendo o eixo educação e jornalismo, mas sinalizou para novas metas. 'Somos um espaço diferenciado para a valorização e a promoção da arte e da nossa música, e continuaremos a sê-lo, levando em conta que os valores representativos da identidade e da criatividade brasileira não devem impedir a abertura para o universo cultural das outras nações.'
Essa abertura cultural deve se dar em direção à cobertura sistemática da geopolítica latino-americana, segundo ele demonstrou já em sua primeira ação programática. A partir desta semana, uma equipe especialmente referendada por Markun (leia texto ao lado) passa a cobrir e produzir documentários e notas sobre os conflitos na Colômbia.
O ex-deputado e ex-secretário de Estado da Cultura Marcos Mendonça deixa a emissora, aparentemente, de forma elegante, sem sair atirando. 'É público, tendo inclusive sido amplamente divulgado na imprensa, a predileção por outro nome para a direção', afirmou, também em nota recente.
Mas analisa-se que ele deixa alguns 'pepinos' para seu sucessor. Um exemplo é o contrato com a produtora Cellcast, empresa de telessorteios. Paulo Markun assume a Cultura vendo-se obrigado a aceitar um contrato pré-assinado de um ano com a Cellcast, que já coordena programa na emissora, o Sumo TV (que promete R$ 20 mil em prêmios aos melhores vídeos enviados pelo público).
Estadão
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