7.6.07

Editorial Folha

O risco da acefalia

FOI LONGE demais a disputa por poder na Polícia Federal. Desde que se estabeleceu a incerteza sobre o futuro do cargo de diretor-geral da instituição, uma batalha não declarada entre delegados graduados cotados para suceder a Paulo Lacerda vem ameaçando a isenção e a eficácia do trabalho policial.
No episódio mais dramático da querela, o delegado-executivo da PF, Zulmar Pimentel, segundo na hierarquia, foi afastado do cargo por decisão judicial, sob suspeita de vazamento de informação sigilosa. Uma investigação levada a termo pela Diretoria de Inteligência -cujo titular, Renato Porciúncula, é rival de Pimentel na disputa pela chefia da PF- motivou o afastamento.
Desavenças internas existem, em maior ou menor grau, nas mais eficientes corporações policiais do mundo. A fim de que não se transformem numa guerra entre facções, é fundamental um comando firme e inequívoco da parte do poder político -que ao mesmo tempo garanta autonomia para as investigações. Exatamente nesse ponto reside a falha do governo Lula.
Na pasta da Justiça, o presidente optou por trocar um ministro relativamente distante da máquina partidária (Márcio Thomaz Bastos) por um militante (Tarso Genro). Com sua proverbial inapetência para decisões rápidas, Lula demorou mais de seis meses, entre o anúncio da saída de Bastos e a posse de Genro, para efetivar a transição.
O novo ministro, replicando a lerdeza decisória que marca o governo Lula, até ontem não havia deixado claro quem seria o diretor-geral da instituição, alimentando o cenário de incertezas no qual viceja a batalha entre grupos rivais. Pressionado pela escalada do conflito, Genro só agora resolve dar sinais de que manterá Paulo Lacerda no cargo.
Qualquer que seja a decisão, deve ser tomada já.

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