23.6.07

Gautama

Gautama deu R$ 840 mil a 3 deputados, informa PF

Irmão de Renan recebeu R$ 400 mil, diz relatório enviado ao procurador-geral

Olavo Calheiros e Paulo Magalhães não foram localizados para falar sobre o caso; Maurício Quintella negou ter recebido dinheiro


Em relatórios encaminhados ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, a Polícia Federal informou que os deputados Paulo Magalhães (DEM-BA), Maurício Quintella (PR-AL) e Olavo Calheiros (PMDB-AL) teriam cobrado R$ 840 mil para intermediar interesses do empreiteiro Zuleido Veras.
Veras é o dono da Gautama, empresa por meio da qual funcionou um esquema nacional de fraude a licitações com a conivência de servidores públicos e políticos, segundo investigação da Operação Navalha.
Antonio Fernando abriu procedimentos administrativos por meio dos quais os deputados passaram a ser alvo de apuração do Ministério Público.
Segundo a PF, dos três, Olavo, irmão de Renan Calheiros, é o que teria recebido a maior quantia: R$ 400 mil, pelo que se descobriu até o momento.
As informações enviadas pela PF foram colhidas nas escutas e com o cruzamento de dados sobre a tramitação de emendas, além de em documentos apreendidos, como a agenda do diretor da Gautama Gil Jacó de Carvalho Santos.
Registra a PF em seu relatório: "Nos manuscritos encontrados na agenda de Gil, há anotações das siglas "Ola" e "Olavinho" ao lado de valores "200", nos dias 30/06/2006 e 01/07/ 2006". A contrapartida seria a apresentação de duas emendas. Documentos relativos a ambas foram apreendidos no escritório da Gautama em Brasília.
Uma emenda, de R$ 10 milhões, vinculada ao Ministério das Cidades, era para um programa em municípios de Alagoas. A outra, de R$ 30 milhões, destinava-se a projeto que é vinculado à Fundação Nacional de Saúde.
Magalhães teria recebido o segundo maior lote de verbas descoberto pela PF até o momento: R$ 320 mil. Sob a orientação de Zuleido, conforme interceptações telefônicas, ele tentou manipular a votação de um processo do TCU (Tribunal de Contas da União) em favor da Gautama.
Contra o deputado Maurício Quintella (PR-AL), pesa a acusação de que teria recebido R$ 120 mil para apresentar uma emenda para destinar R$ 10 milhões a um programa de drenagem em Alagoas.

Outro lado
Por meio de sua assessoria, o deputado Maurício Quintella afirmou que apresentou a emenda em questão em benefício de sua principal base eleitoral. Disse, porém, que o pagamento efetivo nunca ocorreu.
Até o fechamento desta edição, a Folha não obteve resposta a recados deixado no gabinete e com assessores do deputado Paulo Magalhães.
Ninguém atendeu ao telefone no gabinete do deputado Olavo Calheiros.
Folha

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