28.6.07

Cerca de R$ 1 mi foi sacado dentro da Câmara

Cerca de R$ 1 milhão, parte do dinheiro desviado pelo esquema de corrupção envolvendo funcionários de bancos estaduais, a Asbace (Associação Nacional dos Bancos) e a ONG Caminhar, foi sacado de uma agência do Banco do Brasil localizada na Câmara dos Deputados.
A constatação da Polícia Civil e da Promotoria do DF aumenta as suspeitas de envolvimento de parlamentares. Ao menos outros três congressistas e ex-congressistas aparecem na investigação, conforme a Folha publicou ontem. Entre eles estão o deputado Antonio Bulhões (PMDB-SP) e o ex-deputado Marcos Abramo (PP-SP). Ambos não foram encontrados para comentar o caso.
O esquema funcionava da seguinte forma: os bancos (BRB e Nossa Caixa) firmavam contratos para pesquisas de satisfação em caixas de auto-atendimento com a Asbace, que contratava a Caminhar para realizá-las -o que não acontecia de fato.
Após receber o dinheiro, a ONG distribuía cartões do BB -com saque máximo de R$ 50 mil- aos envolvidos. Segundo a apuração, 80 cartões foram distribuídos, totalizando cerca de R$ 3,7 milhões. Vinte deles, cerca de R$ 1 milhão, foram sacados na agência 3596 do BB, na Câmara. Entre os que sacaram, está Weliton Carvalho, ex-assessor do ex-deputado Coriolano Sales (DEM-BA), segundo a assessoria da Casa. Carvalho, denunciado pela Procuradoria no caso sanguessuga, não foi encontrado até o fechamento da edição.

Nossa Caixa
A contratação de uma pesquisa para medir a satisfação do cliente é o principal elemento que leva o Ministério Público e a Polícia Civil a dizer que há "fortes indícios" de desvio de recursos públicos na Nossa Caixa.
A Operação Aquarela diz ter reunido provas de que essa pesquisa, além de ter sido superfaturada, nunca existiu. A suspeita contra o banco de São Paulo surgiu durante operação de busca e apreensão na sede da Asbace.
Dois investigadores presentes ao depoimento da funcionária da ONG Jeovana Silva, que foi presa, disseram à Folha que ela confirmou ter preenchido, com a ajuda da irmã e do namorado, os questionários das pesquisas da Nossa Caixa e do BRB, seguindo ordem da ONG.
Em relação ao BRB, o contrato para a pesquisa teria custado ao menos R$ 9 milhões, apesar de investigadores terem apurado que, no mercado, trabalho semelhante sai por R$ 300 mil.
Sobre a Nossa Caixa, os investigadores não têm número fechado. Em nota, o banco disse que possui três contratos com a Asbace, de 2004 e 2005, que valem até 2008 e cujos pagamentos são feitos com a entrega dos serviços e após eles serem auditados.
Folha

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