6.2.06

Versão de Palocci está sob suspeita

Para senador, revelação de que PT não pagou aluguel de jato que transportou ministro "levanta desconfiança" sobre depoimento

Versão de Palocci está sob suspeita, diz relator

A afirmação do empresário José Roberto Colnaghi de que não existiu pagamento do PT pelo uso do seu jato particular pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em 2003, "levanta suspeita" sobre todo o depoimento do ministro à CPI dos Bingos, segundo avaliação do relator da comissão, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).
"O ministro, da mesma maneira que não foi coerente e não deu a informação correta em relação a isso, poderia não ter sido fiel à verdade nas outras interpelações. Levanta desconfiança sobre o depoimento dele", disse Garibaldi.
A versão de Palocci sobre o uso do jato, dada em depoimento aos senadores no último dia 26, é que o diretório paulista do PT pagou o transporte dele entre Brasília e Ribeirão Preto em julho de 2003, quando já integrava o governo Lula. Dono do avião, Colnaghi confirmou à Folha que não houve pagamento.
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), que integra a CPI, defendeu que Colnaghi seja reconvocado pela comissão para esclarecer o caso. Para Garibaldi, o empresário terá de enviar um ofício à CPI ratificando a afirmação.
Segundo Tuma, a versão contraditória do ministro também pode "ressuscitar" o caso Cuba, cujo avião, um Seneca, supostamente usado pelo PT para transportar dólares de Cuba na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 também pertence a Colnaghi.
"A hipótese da mentira no meio do caminho complica tudo", afirmou o senador.

STF
Uma nova decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contrariou na noite de sexta-feira, pela quarta vez no ano a CPI.
Dono do Omega blindado no qual supostamente foram transportados dólares de Cuba para o PT, o empresário Roberto Kurzweil obteve um salvo-conduto. A liminar foi concedida pela ministra Ellen Gracie.
Kurzweil será ouvido pela CPI amanhã. O advogado Miguel Pereira Neto, que defende o empresário, disse que ele levará recibos de locação de carros feita pelo PT na empresa Locablin.
O empresário é um dos pivôs da crise entre a CPI e o presidente do STF, Nelson Jobim.
O salvo-conduto permite a um depoente não responder na CPI a determinadas perguntas sem, por isso, ser ameaçado de prisão.
Para tentar reverter o quadro, Garibaldi e o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), se reunirão amanhã com Jobim.
No último dia 27, o STF impediu a CPI de quebrar os sigilos de Paulo Okamotto, presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No dia 19, fez o mesmo com relação a Kurzweil.
No dia 31, suspendeu pela segunda vez um requerimento da CPI, de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que havia quebrado novamente os sigilos de Kurzweil.
FSP