Diretor da PF diz que cópia de "lista de Furnas" pode valer como prova
Com cautela e sem afirmar que já é possível ter uma conclusão, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, declarou ontem que a fotocópia da chamada "lista de Furnas" permitirá uma perícia para determinar a sua veracidade.
"Mesmo sem o original, é possível determinar cientificamente se a fotocópia foi uma montagem ou não", disse Lacerda à Folha. Ele recomenda, entretanto, que seja evitado julgamento antecipado: "O que acho errado é qualquer tipo de precipitação. Dizer que a lista é falsa ou verdadeira".
Lacerda relata outros casos de perícia de fotocópias em processos judiciais. "Há até precedentes no Supremo Tribunal Federal de casos em que a fotocópia serviu para a identificação de autoria de uma assinatura. Isso aconteceu no caso PC [1992], quando houve condenação por falsidade ideológica de quatro pessoas que assinavam cheques em nomes de pessoas que não existiam, os fantasmas", afirmou.
Naquele episódio, a PF recebeu fotocópias produzidas a partir de microfilmes de cheques. Os bancos não tinham mais os originais.
Indagado se não era um caso diferente, pois os microfilmes haviam ficado sob a guarda dos bancos, Paulo Lacerda disse que não. Segundo ele, há similaridade entre os dois casos. A PF usará vários documentos que obteve em uma operação de busca e apreensão de papéis de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas e suposto signatário da lista, para periciar as fotocópias em seu poder.
A "lista de Furnas" é composta por cinco folhas de papel. São supostamente fotocópias de uma fotocópia tirada e autenticada em cartório a partir de um documento original. São citados na lista 156 políticos de 12 partidos políticos (PDT, PFL, PL, PMDB, PP, PPS, Prona, PRTB, PSB, PSC, PSDB e PTB). Todos teriam recebido dinheiro de um esquema de caixa dois montado a partir da estatal federal de energia Furnas.
O valor total das doações é de R$ 39,665 milhões. Teriam sido efetuadas nas eleições de 2002. A data no papel é 30 de novembro de 2002. A autenticação do papel fotocopiado, entretanto, deu-se em 22 de setembro de 2005.
Há nos papéis várias inconsistências e erros factuais, como nomes de políticos que não foram candidatos a deputado em 2002.
Dimas emitiu nota e nega o conteúdo e a autoria do documento --sua assinatura está no papel, com a autenticação "por semelhança" obtida em um cartório.
Contradições
O divulgador principal da "lista de Furnas" é o lobista Nilton Monteiro, que foi várias vezes, de maneira espontânea, dar depoimentos à PF. A cada depoimento, Nilton conta detalhes extras ou deixa alguma ponta da história desconexa com a versão anterior.
A Folha leu dois desses depoimentos, de 2 e de 7 de dezembro passado. Embora espaçados por apenas cinco dias, os depoimentos de Nilton contêm divergências. No dia 2 de dezembro, ele relatou ter sido procurado por Dimas Toledo com a "lista de Furnas" no primeiro semestre do ano passado, 2005. No dia 7 de dezembro, o encontro já havia passado para o ano de 2004.
3 comentários:
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