13.2.06

O jogo duro dos aliados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT querem, mas os partidos do mensalão resistem e devem vender caro o apoio ao projeto de reeleição. Dos três partidos aliados envolvidos no valerioduto, só um, o PL, diz publicamente que a tendência é manter a aliança nacional e apoiar a reeleição de Lula. Para o PTB e o PP, a melhor opção no momento é ficar independente, não apoiar ninguém, e trabalhar por alianças regionais, com partidos do governo ou da oposição.

Mesmo sem a decisão formal sobre a candidatura Lula, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (SP), tem conversado com líderes desses partidos para alinhavar uma aliança nacional e coligações regionais. Na semana passada, almoçou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato para não ser cassado. Esta semana, conversará com o PTB e o PP.

— Estamos muito no início. Não tenho mandato para fazer alianças, mas para ouvir. Vou conversar com todos da base. Não quer dizer que vá resultar em aliança e nem que é questão de honra, queremos dialogar — disse Berzoini.


Com o PP e o PTB as negociações estão em ritmo lento. Embora o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, defenda a aliança formal com Lula, essa posição enfrenta fortes resistências na bancada na Câmara, que tem maioria na executiva do partido. O líder do PTB, deputado José Múcio Monteiro (PE), mostra desânimo ao falar sobre a relação do partido com o governo após a crise deflagrada por um de seus principais expoentes, o ex-deputado Roberto Jefferson:

— Faz tanto tempo que não conversamos com o governo que perdemos o treino.

“O constrangimento nos palanques continua”

O secretário-geral do PTB, Luiz Antonio Fleury Filho (SP), diz que, se depender da bancada, a tendência do partido é não fazer aliança nacional. Ele lembra que há uma resolução do PTB que diz que o partido não apoiará, oficialmente, nenhum candidato à Presidência da República:

— Não tratamos de aliança nacional. Temos apetite para qualquer tipo de prato, mas estamos fazendo curso de faquir há um ano — disse, ressaltando que, nos estados onde o PTB é forte, como Rio Grande do Sul, Paraíba, Alagoas, Paraná, Pernambuco e Rio de Janeiro, está aliado a legendas que fazem oposição ao Planalto.

— Caiu a verticalização, mas o constrangimento nos palanques continua — diz Fleury.

No PP, a dissidência é mais antiga e evidente. O líder na Câmara, Mário Negromonte (BA), diz que o partido deve se manter sem apoiar candidato nacional. Aposta que Lula terá apoio do PP em alguns estados e espaço em alguns programas regionais, com o ministro das Cidades, Márcio Fortes, divulgando ações do governo.

— O partido, hoje, nem vai para o Serra nem para o Lula. Pode ter uma terceira via, um Jobim, sei lá. O melhor é não ter aliança formal, até em respeito às duas alas — disse Negromonte, referindo-se ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, como um eventual candidato à Presidência.

O líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), diz que o partido deverá manter a aliança com o PT, mas condiciona o apoio à negociação dos palanques regionais, com discussões sobre pontos do programa de governo, manutenção de ministérios e cargos no governo e alianças regionais. O PL quer lançar o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, ao governo do Amazonas, e Mabel cita interesses comuns em Goiás e as dificuldades em Minas, onde o PL apóia o PSDB.

Mabel: “Nós é que deveríamos correr do PT”

A crise que atingiu o PT, o PTB, o PL e o PP ainda não se esgotou, já que estão na fila da cassação cinco petistas, quatro pepistas e um liberal. No PTB, está um aliado de primeira ordem de Lula (Walfrido) e o algoz, Jefferson. Para Berzoini, pode haver voz dissonante no PT contra as alianças, mas não deve prevalecer, até porque o PT também está envolvido na crise:

— Não vamos discriminar partidos porque se criou a imagem de que o PT errou ao fazer aliança. Quem propõe restringir alianças tem que explicar como governar depois.

A opinião de Berzoini não é consensual:

— Em alguns estados os companheiros vão rechaçar a aliança com esses partidos. O mensalão já foi um problema para o governo e agora é um problema na política de alianças — diz o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), da ala mais à esquerda do partido.

Mabel ironiza:

— Se fôssemos pensar assim, nós do PL é quem deveríamos estar correndo do PT. Eles têm mais problemas que a gente!
O Globo

2 comentários:

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