Berzoini, presidente do partido, acerta com representantes dos movimentos sociais ato para junho em defesa do mandato de Lula
PT se une a CUT, MST e UNE para defender Lula
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), se reuniu ontem com representantes dos sindicatos, dos estudantes e dos sem-terra para definir a participação destes em atos de defesa do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A intenção é dar uma resposta às iniciativas pró-impeachment da oposição.
Do encontro de Berzoini com CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ficou marcada para junho uma grande manifestação pró-Lula. A reunião, na sede da CUT em São Paulo, a portas fechadas, também teve a participação do presidente do PC do B, Renato Rabelo, além de um representante do PSB.
Segundo a UNE e o secretário nacional de Comunicação da CUT, Antonio Carlos Spis, a reunião foi solicitada pelos partidos políticos. Eles negam.
"Esse tipo de mobilização tem dois objetivos. Primeiro, a defesa do mandato do presidente e, ao mesmo tempo, as reivindicações que esses movimentos apresentam ao presidente", disse Rabelo.
"É uma reposta a essa situação política que vivemos hoje. Há um desespero por parte da direita que procura a todo custo retornar ao poder. Nós, exatamente, procuramos fazer esse esforço de unir o movimento social", completou.
O anúncio da manifestação ocorre num momento que o impeachment de Lula vem sendo discutido por entidades de classe como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Berzoini negou, porém, que esse tenha sido o tema principal, mas, sim, a "conjuntura política". "Eles [movimentos sociais] sabem o que está em jogo. A volta da aliança PSDB-PFL significa retrocesso para os movimentos sociais. Menos negociação, menos diálogo, mais truculência e, principalmente, um programa neoliberal de privatização e desmonte do Estado. Sabem que não há dúvida do lado que eles têm."
Para o presidente da CUT, João Felício, Berzoini tem razão. "Para conseguir avançar nas mudanças, da nossa plataforma, nós não vemos uma outra candidatura a não ser a do Lula. Isso não tem nenhuma dúvida do nosso lado", disse.
Felício tentou desvincular o movimento de junho a um ato "pró-Lula", mas se contradisse. "Não é um ato contra o impeachment. É obvio que, se a proposta de impeachment vier de setores ultra-retrógrados, os tresloucados do neoliberalismo, com certeza nós vamos nos colocar contra."
Reação
O presidente da OAB, Roberto Busato, em entrevista ao blog de Josias de Souza, disse considerar "radical" e "inconseqüente" a promessa dos movimentos de reagir a um eventual pedido de impeachment contra Lula. "A Ordem continua do mesmo lado em relação à sociedade brasileira, na sua luta a favor da ética, da moral. E, infelizmente, vê hoje os movimentos sociais, que sempre foram abrigados por ela, tachá-la, por meio de seus dirigentes, de tresloucada, de neoliberal, o que é um atentado a tudo que a OAB construiu a favor da República."
Apesar da onda de invasões em todo o país, o líder nacional do MST João Paulo Rodrigues, que também participou da reunião, disse que o movimento está do lado de Lula. "Nós viemos trazer aqui com toda clareza, as nossas críticas, as nossas preocupações, e ao mesmo tempo dizer que os movimentos sociais tem lado."
Sobre o impeachment de Lula, Rodrigues disse que se a "elite" insistir nisso, ela "terá confusão".
Segundo a representante da UNE, Lúcia Stumpf, os movimentos sociais querem do presidente uma nova carta aberta. "Uma carta não voltada ao mercado financeiro, como apresentou na eleição de 2002, mas, sim, para o movimento social, para as necessidades do nosso povo.
Estadão
Um comentário:
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