24.6.06

Planos de Cháves

País recebe alerta dos EUA sobre política de Chávez
Corrida armamentista da Venezuela é detalhada em documento reservado do Departamento de Defesa

- 138 navios é o tamanho da frota que a Venezuela estará operando, ou sob contrato de
fornecimento, até 2012;
- 3 submarinosde um lote que pode chegar a 10 unidades estão sendo negociados. O favorito é o russo Amur, que lança mísseis,torpedos, e permite a conversão para propulsão nuclear;
- 800 blindados anfíbios e armados com canhão rápido serão comprados até dezembro

O presidente Hugo Chávez está executando um plano de modernização das Forças Armadas da Venezuela que prevê a formalização de contratos até 2012 para equipar um contingente de 500 mil combatentes. Atualmente, a tropa soma 82.300 homens.

A próxima etapa do plano é a compra de ao menos três submarinos médios de propulsão diesel-elétrica. A condição é que permita uma futura conversão destinada a abrigar propulsores nucleares. Na área da Marinha, o plano envolve a aquisição ou a revitalização de 138 navios de diversos tipos.

O Exército avalia fornecedores para um pedido de 800 blindados sobre rodas, todos armados com canhões rápidos. A frota pode chegar a mil unidades de tração 8x8, caso seja aprovada uma suplementação do pacote. Os 200 veículos seriam destinados ao transporte de tropas.

A fonte mais provável a que Chávez recorreria é indústria militar da Rússia, não submetida aos vetos do governo dos Estados Unidos. A Casa Branca é contrária ao regime de Chávez. Essa atitude bloqueou a exportação de 36 aviões brasileiros para a Força Aérea da Venezuela (FAV). A Embraer utiliza componentes americanos nos sistemas de bordo do turboélice de ataque leve Super Tucano e do bombardeiro leve AMX.

Essas informações constam de um documento reservado do Departamento de Defesa, o Pentágono, dos EUA, enviado à inteligência militar brasileira, e ao qual o Estado teve acesso.

De acordo com um oficial do setor, "esse quadro é conhecido no Brasil desde 2004, quando ainda estava no papel". Segundo o analista, Chávez deu início às ações efetivas no mercado internacional "baseado no aumento das cotações do petróleo (a Venezuela é o 3º maior produtor entre os países da Opep, com 2,8 milhões de barris/dia) - comprou radares, helicópteros e 100 mil fuzis, quando o barril estava na faixa US$ 40, agora está fechando novos negócios com o preço do óleo batendo na casa dos US$ 70".

A política de Chávez é um assunto delicado entre os diplomatas do Itamaraty. Um ex-embaixador em Caracas defende "um certo endurecimento do discurso do governo brasileiro", prevendo que "a condescendência vai permitir que a Venezuela se transforme em uma potência militar regional, pouco confiável."

SUBMARINO INVISÍVEL

No dia 5 de julho, quando dois super-caças Sukhoi-30 voarem sobre o desfile comemorativo dos 195 anos da independência da venezuelana, antecipando a chegada de 24 desses supersônicos russos para a FAV, comprados há um mês por pouco mais de US$ 800 milhões, o presidente Chávez pode ter uma outra novidade para anunciar.

A Comissão Militar instalada por ele em Moscou há dois anos está discutindo no bureau Rubin de Engenharia Naval a compra de três novos submarinos da classe Amur. É uma máquina de guerra e tanto.

A negociação, admitida pelo ministro da Defesa da Venezuela, almirante Orlando Maniglia, pode abranger outros sete navios da mesma classe. A Marinha venezuelana mantém dois submersíveis alemães, o Sábalo e o Caribe, de 1,3 mil toneladas, construídos na Alemanha há mais de 30 anos, entre 1971 e 1977. Ambos estão sendo submetidos a um abrangente programa de atualização tecnológica no país, nas instalações do Dianca - Diques y Astilleros Ca.

Os submarinos Amur disputam a escolha com os franceses Scórpene e com os novos IKL, da Alemanha. A proposta russa é tentadora. O preço, um dado considerado reservado, estaria na faixa de US$ 200 milhões, cerca de US$ 100 milhões a menos que o oferecido pela concorrência. O primeiro modelo está sendo produzido nos Estaleiros do Almirantado. Incorpora os sistemas e o conhecimento adquirido pela Rússia na construção de submarinos nucleares, durante a Guerra Fria.

Robusto, navega em qualquer tipo de mar, à exceção dos glaciais, que exigem grande permanência sob a camada de gelo. A versão de exportação dispara 4 mísseis leves de cruzeiro ou até 10 mísseis antiaéreos, além de levar 18 torpedos pesados, de 533 milímetros. O deslocamento de 1.750 toneladas - 66,8 metros de comprimento; 7,1 metros de largura - implica espaço para os 35 tripulantes. O memorial do projetista Igor Spassky destaca "o uso de materiais e soluções hidrodinâmicas para reduzir ruído e conferir ao Amur capacidade de navegar no modo furtivo" .

CANHÕES BLINDADOS

O Ministério da Defesa venezuelano está avaliando os blindados 8x8, anfíbios, BTR-90, também da Rússia. A pretensão é formar uma frota de 800 carros - 1.200, somados aos 400 em uso - para equipar esquadrões de reconhecimento e de operações especiais. O relatório americano diz que essa é uma evidência "do objetivo de expandir as forças armadas regulares até meio milhão de militares e 1 milhão de milicianos". Os três comandos dispõem de 400 blindados com 20 anos de uso. O BTR-90 pesa 20 toneladas, roda a 100 km/hora, leva um canhão de 30 mm e transporta dez soldados.

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