19.6.06

Gilberto Carvalho, o mistério!!

Gilberto Carvalho é apontado como integrante do esquema de corrupção na prefeitura de Santo André.
Apesar de citado 50 vezes, assessor de Lula se livra na CPI.


Apesar de poupado pelo relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), o nome do chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, é citado 50 vezes nas 78 páginas do capítulo sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Apesar de tantas referências, Garibaldi não pede o indiciamento de Carvalho. O texto faz parte do relatório final que será votado amanhã, com poucas chances de aprovação pelos integrantes da CPI.

Carvalho é apontado no texto como protagonista dos esquemas de supostas irregularidades administrativas na prefeitura que teriam sido montados antes e depois da morte do prefeito. No primeiro caso, Garibaldi se refere a ele como sendo o encarregado de entregar ao então presidente do PT, José Dirceu, o dinheiro extorquido de empresários da cidade, repetindo os termos da denúncia feita ao Ministério Público e à CPI pelos irmãos de Celso Daniel, João Francisco e Bruno Daniel. Após o assassinato, em 2002, o relator cita o chefe de gabinete do presidente como um dos principais estrategistas da operação para impedir a investigação do crime.

Como justificativa, Garibaldi mostra diálogos grampeados pela Justiça nos quais Carvalho aparece orientando pessoas envolvidas no esquema, como Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, e a namorada do prefeito, Ivone Santana. A certa altura, ele sugere a Ivone que se comporte como "viuvinha chorosa" diante dos repórteres.

Garibaldi Alves incluiu, ainda, no parecer o diálogo de Carvalho e Sombra articulando uma tática para desviar os motivos do crime. Ainda assim, o relator não citou o chefe de gabinete de Lula nem José Dirceu na lista das 79 pessoas que, na sua opinião, devem ser indiciadas pelo Ministério Público.

Sobre Dirceu, o senador alegou que não podia indiciá-lo porque ele não foi ouvido pela comissão. Já Carvalho não só deu depoimento, como foi acareado com os irmãos do prefeito, sem ter sido convincente em nenhuma das ocasiões em que negou envolvimento no esquema.

O relator também aliviou a situação do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), acusado duas vezes no parecer: pelo perito Carlos Delmonte, morto em outubro, e pelo juiz federal Rocha Mattos, que está preso. O deputado foi designado pela Câmara para acompanhar as investigações do assassinato.

O relatório afirma que Delmonte disse ter sido pressionado pelo deputado e outros políticos "para que a morte do prefeito fosse esclarecida como crime comum". "Greenhalgh quis interferir até na mudança da posição do corpo", acusou o perito, de acordo com o documento. Já o juiz disse que o deputado e outros petistas "tentaram abafar o caso e montar uma farsa para encobrir o esquema de corrupção". Greenhalgh nega as duas acusações.

Se depender dos aliados do governo, maioria na comissão, a CPI vai aprovar o voto em separado do senador Magno Malta (PL-ES) que apenas cita os fatos, sem concluir pelos que devem ser indiciados. Inocenta, desta forma, até mesmo os empresários de bingos, acusados de fazer negociata com o governo Lula para obter a regulamentação da atividade.
Estadão

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