15.6.06

Ex-secretário de Dirceu

Exonerado, ex-secretário de Dirceu vira assessor de Lula
Swedenberger Barbosa era braço-direito do ex-ministro antes da crise política

Enfrentou 2 situações de constrangimento em 2005, na Casa Civil, mas nunca teve seu nome diretamente envolvido em denúncias

Braço direito do ex-ministro José Dirceu, Swedenberger do Nascimento Barbosa foi nomeado, em 7 de março deste ano, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a assessoria de imprensa da Presidência da República, na nova função ele "recebe encaminhamentos de demandas do presidente".
No auge da crise, quando Dirceu deixou a Casa Civil, Swedenberger foi exonerado, a pedido, em 27 de junho de 2005. Ele ocupava o cargo de secretário-executivo da Casa Civil. Na ausência de Dirceu, era o responsável por assinar as ações administrativas do ministério publicadas no "Diário Oficial" da União. Com a queda de Dirceu, Swedenberger foi lotado no Ministério da Previdência.
Naquela época, Dirceu voltou para a Câmara com o objetivo de se defender das acusações de vinculação com o esquema do mensalão.
Swedenberger era fiel defensor do ex-ministro também durante a crise que afetou o então subchefe de Assuntos Parlamentares, Waldomiro Diniz -afastado do governo após a revelação de gravação em que pedia propina ao empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.
Depois de cassado, o ex-ministro tem afirmado que vai se dedicar à reeleição de Lula. No governo e no PT, todos negam que Dirceu tenha recebido qualquer missão política em prol da reeleição.

Constrangimentos
Swedenberger enfrentou dois momentos de constrangimento na Casa Civil, mas nunca teve seu nome diretamente envolvido em denúncias.
A primeira situação delicada foi a descoberta de irregularidades em convênio da Associação para Projetos de Combate à Fome (Ágora) com o Ministério do Trabalho, em novembro de 2003, para o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens (PNPE).
O convênio foi auditado pelo Tribunal de Contas da União, a pedido do Senado. Parlamentares do PSDB acusavam Swedenberger, que já pertencera à Ágora, de favorecer a entidade.
"O senhor Swedenberger do Nascimento Barbosa integrou o quadro de sócios e passou a compor o Conselho de Administração em 27/4/2001 [...]. Em 20/2/2003, o senhor Swedenberger pediu o seu desligamento do quadro de sócios e do Conselho de Administração, em virtude de sua nova situação profissional", diz trecho do relatório do TCU. O convênio foi feito quando ele tinha se desvinculado oficialmente da Ágora. O TCU levantou várias irregularidades no convênio.
O segundo momento constrangedor para Swedenberger aconteceu em 2005. Uma reportagem da Folha, em outubro de 2005, revelou que a Casa Civil omitiu ao Ministério Público Federal a existência de planilhas produzidas pelo órgão que traziam as iniciais do filho do então ministro, José Carlos Becker, o Zeca Dirceu, como "um parlamentar" interessado na liberação de emendas para municípios no interior do Paraná.
O Ministério Público Federal ajuizou ação de improbidade administrativa contra José Dirceu por suspeitar do favorecimento ao filho. O procurador Luciano Rolim, responsável pelo caso, pediu, em maio de 2004, que a Casa Civil se manifestasse e enviasse as planilhas.
Em 20 de julho, em ofício assinado por Swedenberger, a Casa Civil informou ao Ministério Público que "os referidos documentos não constam dos arquivos da Casa Civil".
Gisele Tona Soares, ex-assessora do Planalto, confirmou a existência das planilhas. Swedenberger disse que os arquivos não lhe foram repassados pela subchefia de Assuntos Parlamentares.
"A Secretaria Executiva se baseia na informação que tem da subchefia. Então, se mandei um ofício dizendo isso [que não havia tais documentos], é porque provavelmente da subchefia de Assuntos Parlamentares eu tive essa informação", disse Swedenberger à Folha, no ano passado.
Folha