11.6.06

MTB em campanha!

Em SP, ministro da Justiça pede votos para petista
Thomaz Bastos assume preferência partidária, em discurso na convenção do PT

Para Bastos, há "cansaço" após 12 anos de governo do PSDB; segurança pública tucana é "linha de produção de criminalidade", critica

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, assumiu ontem seu lado partidário e criticou o ex-prefeito José Serra e a política de segurança pública do PSDB, que seria uma "linha de produção de criminalidade".
Durante um rápido discurso na convenção que homologou a candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, Bastos não apenas defendeu o voto no petista mas também disse que existe um "cansaço" com os tucanos, após os 12 anos que permaneceram no Palácio dos Bandeirantes.
"Temos há 12 anos o mesmo grupo no poder e já se sente em áreas fundamentais da administração pública um certo cansaço. É preciso mudar o rumo", declarou, sob aplauso dos petistas, no auditório no Anhembi (zona norte de São Paulo).
De acordo com o ministro, a política de segurança em São Paulo é uma "linha de produção de criminalidade que começa na Febem, passa pelo polícia, vai ao Poder Judiciário e chega às cadeias".
Advogado criminalista, Bastos não é filiado ao PT, mas foi um dos nomes mais aplaudidos do encontro. Recebeu elogios de Mercadante e do presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini.
Durante a crise política, o ministro ajudou lideranças petistas com problemas jurídicos, indicando advogados para defender o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.
Bastos criticou o descumprimento da promessa de Serra, adversário do petista na disputa. O tucano disse que não deixaria a Prefeitura de São Paulo no meio do mandato. De acordo com Bastos, Mercadante não fará o mesmo. "Vamos elegê-lo [Mercadante] governador por quatro anos. Não vamos ter medo de que o Aloizio largue o governo para disputar outro cargo. Ele vai ficar os quatro anos, ou oito anos, trabalhando aqui, pelo bem de São Paulo."
Bastos falou em nome dos ministros presentes à convenção (do Trabalho, Luiz Marinho; da Previdência, Nelson Machado e da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro).
O abandono da prefeitura também foi explorado por Mercadante. Para ele, o tucano não pode mais "ser levado a sério". "Sabemos que essa disputa [estadual] é um prêmio de consolação, que ele [Serra] tem planos maiores. Ele só pensa naquilo [na Presidência]".
Ao falar de segurança pública, o petista atribuiu os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mês passado à "omissão de Estado do PFL e do PSDB na segurança pública". Em um discurso de cerca de 45 minutos, Mercadante dedicou-se a colar sua imagem a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua única chance de vitória contra Serra, que está bem à frente nas pesquisas.
Ex-líder do governo de Lula no Senado, o petista citou dados para demonstrar que aumentou a participação das camadas mais pobres na renda nacional. Para completar, ecoou Lula ao dizer que, em seu governo, a educação seria a "prioridade das prioridades".
O senador ironizou a entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a uma rádio nova-iorquina, em que disse que Lula não gosta de música clássica. "É verdade que Lula gosta mais de samba, forró e pagode. Um gosta de queijo camembert e outro de queijo minas. Um do Quartier Latin [bairro de Paris] e o outro de Sapopemba [bairro na periferia de São Paulo]. Um gosta muito mais de elite e o outro ama o povo brasileiro."
Folha