13.6.06

Invasoras merecem estátuas

Invasoras merecem estátuas, diz petista
Para deputado gaúcho, ataque à Aracruz alertou contra prejuízo ambiental


O deputado estadual Frei Sérgio Gõrgen (PT) disse que as mulheres que invadiram e depredaram um laboratório e viveiro de mudas da Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro (RS) merecem estátuas em praças públicas do Rio Grande do Sul e, no futuro, receberão homenagens por terem chamado a atenção da sociedade para os prejuízos ambientais e sociais da expansão das florestas de eucaliptos.

As declarações foram feitas no lançamento da cartilha O Latifúndio dos Eucaliptos - Informações Básicas sobre as Monoculturas de Árvores e as Indústrias de Papel, ontem, em Porto Alegre. A ataque à Aracruz ocorreu no dia 8 de março por cerca de 2 mil mulheres. Após denúncia do Ministério Público, a Justiça abriu processo contra 37 pessoas acusadas pela ação, entre as quais o líder do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile.

Os 5 mil exemplares da cartilha, editada pela Via Campesina, serão distribuídos em escolas, sindicatos e veículos de comunicação para expor os argumentos dos movimentos contrários aos florestamentos de eucaliptos promovidos pela indústria da celulose. "Estamos levando a informação necessária ao cidadão comum que já foi ou será vítima dos danos ambientais e sociais causados pela plantação indiscriminada de eucaliptos", justificou Frei Sérgio.

A cartilha sustenta que a depredação não atingiu pesquisas de 20 anos, como a empresa alegou, porque o laboratório de genética da Aracruz está no Espírito Santo. Também afirma que o uso do dióxido de cloro para branqueamento de celulose prejudica a natureza e a saúde. E prevê prejuízos ambientais, como falta de água, se as empresas confirmarem as previsões de plantar 1 milhão de hectares de eucalipto no Estado.

Em resposta, o diretor de Operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes, ressaltou que a empresa tem diversos laboratórios e observou que as pesquisas no Rio Grande do Sul, para buscar maior produtividade em clima frio, não poderiam ser feitas no Espírito Santo, de temperaturas mais altas e constantes. Também argumentou que o uso de dióxido de cloro é um avanço na proteção ambiental e está liberado em países como a Alemanha.

Na Assembléia gaúcha, o deputado Jerônimo Goergen (PP), parente distante de Frei Sérgio, considerou a cartilha um atestado de que os invasores não se arrependeram.
Estadão