11.1.06

Petrobrás e MST

Em busca de ‘formadores de opinião’

A Petrobras justificou ontem o pagamento de espaço publicitário na revista “Sem Terra”, do MST, como uma tentativa de “alcançar um público formador de opinião, como professores, profissionais liberais, sindicatos urbanos, partidos políticos e apoiadores internacionais, além do público alvo — camponeses, agricultores e sem terra”. Em nota oficial, a estatal informa que gastou R$ 45.500 em anúncios nas quatro últimas edições da revista.

Em artigo publicado anteontem no GLOBO, o filósofo Denis Rosenfeld, da Universidade do Rio Grande do Sul, criticou o uso de recursos públicos que deveriam ser destinados à cultura na revista. O filósofo sustentou que a revista não tem qualquer cunho cultural e que atende a um projeto ideológico do Movimento dos Sem Terra. O MST reagiu, afirmando que a revista mantém uma editoria de cultura e que as afirmações do filósofo eram antidemocráticas. O movimento afirma ainda que, desde que respeite crenças religiosas, políticas e orientações filosóficas, qualquer veículo pode receber anúncio estatal ou privado.

Estatal afirma que não financia projetos políticos

A Petrobras informou ainda, na nota divulgada ontem, que anuncia em grandes veículos de comunicação, mas também em mídias segmentadas, interessadas em públicos específicos. A companhia afirma também que a veiculação de propaganda não faz a estatal estabelecer vínculo com o conteúdo editorial de jornais e revistas. Na nota, a estatal frisa que ainda que não está a serviço de projetos políticos.

Na nota, a estatal sustenta que defende a diversidade de meios de comunicação para divulgar suas peças publicitárias e “não concorda com quaisquer opiniões ou medidas que induzam ao preconceito e à discriminação”.

A estatal ressalta ainda que a publicidade de seus programas culturais tenta atingir públicos produtores de cultura popular. “Nada mais adequado, portanto, que os anúncios em questão”. A Petrobras afirma que “o acesso de todos os públicos a informações sobre os programas culturais da Petrobras é a melhor forma de garantir esses direitos, além de difundir e multiplicar as ações da companhia nesse setor”.

Empresa destinou a projetos culturais R$ 160 milhões

De acordo com a Petrobras, a empresa mantém sua tradição de investir em projetos culturais. Desde 2001, foram selecionados mais de 500 projetos de cinema, música, artes cênicas, artes visuais, patrimônio imaterial e memória das artes em todas as regiões do país. Os recursos, segundo a empresa, chegam a mais de R$ 160 milhões.

O Globo