Marcola ataca Alckmin na CPI
Líder do PCC disse que a culpa pelos ataques é da promoção do candidato
No depoimento sigiloso de mais de quatro horas que prestou a deputados da CPI do Tráfico de Armas, no dia 8 de junho, em Presidente Bernardes (SP), o chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, o Marcola, não se intimidou diante dos políticos, perguntou os partidos a que pertencem e fez questão de citar o candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de forma hostil e agressiva.
Marcola classificou como "uma forma de dar uma resposta à sociedade" a decisão do ex-secretário da Administração Penitenciária Nagashi Furukawa de transferir os principais líderes do PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. A medida levou à onda de ataques da facção que aterrorizou São Paulo em maio.
Indagado pelo relator da CPI, Paulo Pimenta (PT-RS), se a intenção da Nagashi era dar "uma demonstração de força", Marcola respondeu: "Para promover o Alckmin". E emendou que "o tiro saiu pela culatra".
Em vários momentos, Marcola insistiu que a cúpula do governo paulista atribui a ele mais importância do que realmente tem dentro da facção criminosa, para valorizar o fato de que o líder está preso. "Se eu fosse político, eu ia arrumar um Marcola também", afirmou, rindo. "Tá tudo errado, a segurança pública... tá um caos, a culpa é do Marcola, não é do Alckmin. Nunca. Infelizmente", criticou.
No momento mais agressivo, Marcola lembrou o episódio que ficou conhecido como Operação Castelinho, em que 12 supostos integrantes do PCC foram mortos pela Polícia Militar, em março de 2002. " Quem ganhou a eleição foi o Alckmin. Ele ganhou em cima de 11 (na verdade, foram 12) assassinatos (...) Ele é muito mais criminoso que eu, porque eu nunca mandei matar 11 pessoas", atacou Marcola.
Alckmin foi o único político citado pelo criminoso. A Assessoria de Imprensa de Alckmin afirmou que ele não comentaria as declarações de Marcola.
No depoimento, Marcola enfrentou o presidente da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE), reagindo com frases como: "E o que é que os deputados fazem? Não roubam também?" Marcola ironizou os parlamentares quando insistiam em saber sobre tráfico de drogas e armas.
Estadão
Um comentário:
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