14.7.06

Escutas reveladoras

Escutas revelam nova estratégia
Em conversas, bandidos teriam ordenado suspensão dos ataques, mas objetivo é mudar os alvos dos atentados


O Primeiro Comando da Capital (PCC) decidiu mudar sua estratégia. A manobra foi detectada em conversas de integrantes da facção em Santos, em São Paulo e no ABC. Primeiro, eles receberam uma nova ordem: "É para parar tudo." Uma manobra para enganar a polícia, disseram diretores de presídios, até porque os ataques continuaram durante o dia.

Se era isso, a facção alcançou em parte seu objetivo, pois delegados chegaram a considerar os ataques esparsos ocorridos durante o dia como uma falha. "A comunicação da organização não é tão perfeita", disse um diretor da Polícia Civil. À tarde, a inteligência policial detectou o novo plano do crime organizado. A ordem era atacar a infra-estrutura vital do Estado.

As primeiras mensagens foram interceptadas pela polícia às 11 horas. A paralisação dos ataques, no caso da capital, incluiria os atentados aos agentes prisionais. A polícia considerava que o salve (ordem) para parar os ataques indiscriminados era para toda a organização. Parecia que a cúpula da facção demonstrava ter resolvido suspender as ações. Mas a polícia sabia que a decisão era temporária. "Isso está bem claro", disse um delegado do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic).

A expectativa dos policiais era de que os atentados recomeçariam a qualquer momento, desde que a cúpula se sentisse novamente em perigo, julgando ser iminente uma transferência para o presídio federal de Catanduvas (PR) ou se o isolamento em condições precárias dos presos de Araraquara e Itirapina perdurasse por muito tempo. "Eles querem manter a vida boa e o poder na organização", disse o delegado do Deic.

Em dois dias de ataques, o PCC havia atingido ônibus, bancos, revendas de carros, delegacias, quartéis, casas de policiais, supermercados e fóruns. Diretores da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e oficiais da Polícia Militar disseram que não acreditaram que o PCC fosse interromper as ações. Para eles, as mensagens eram "contra-informação" da facção.

"Quem é 'macaco velho' na polícia ou no sistema prisional sabe que esse 'salve' serve apenas para tentar despistar a polícia", disse um diretor da SAP. Segundo ele, essa mesma desconfiança é compartilhada pelo secretário Antonio Ferreira Pinto. "Acho que poucos diretores da SAP acreditaram que esse 'salve' fosse mesmo verdadeiro, acho que o que eles (bandidos) queriam é buscar um tempo para se reagrupar", acrescentou.

A SAP fez nesta ontem uma operação pente-fino num dos raios na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau para tentar apreender o celular de onde teria partido a ordem para os últimos ataques. A ordem teria sido dada por Edílson Borges Nogueira, de 33 anos, o Biroska, tido pela SAP como o principal suspeito de ordenar os ataques. Agentes de segurança passaram cerca de três horas revistando as 46 celas do raio 1, onde Biroska está preso, mas não encontraram nenhum celular.

PLANO

No fim da tarde, escutas telefônicas no ABC e no litoral detectaram aquele que a polícia considera ser o verdadeiro plano. Integrantes da facção foram flagrados recebendo ordens para atacar a infra-estrutura paulista. Os bandidos querem provocar um blecaute na Grande São Paulo, um sonho acalentado em 2003 pela facção. Na época, Alexandre Sandorfy, o Xis, mandou o advogado Mário Sérgio Mungioli levar um bilhete a Marcos Camacho, o Marcola, detalhando o plano de explodir torres de energia e de telefonia e de paralisar o transporte público.
Estadão

2 comentários:

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