Lula diz que PT é defensor da ética
Em SC, presidente pede a petistas humildade para reconhecer erros, mas cabeça erguida para manter dignidade
Com o governo ainda abalado por sucessivos escândalos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou ontem, durante discurso de campanha em Florianópolis, o discurso da ética para atacar a oposição. "Faltam 60 dias para a campanha. No desespero, eles (oposição) farão qualquer coisa. Temos que levantar a cabeça e dizer em alto e bom som que, se alguém quer ética nesse País, somos nós", disse Lula, para uma platéia de cerca de 2,5 mil petistas ligados à área da educação.
"Vamos ter humildade para reconhecer quando erramos. Mas vamos ter ousadia para defender nossa dignidade, defender nossa honra e defender a ética neste país", prosseguiu.
Retomando o bordão de 2002 do "Lulinha paz e amor", o presidente afirmou que estava mais "paz e amor" do que nunca. Mas fez um discurso duro contra os opositores: "Não iremos permitir que alguns que nunca foram éticos na política tentem jogar para cima do PT uma coisa que nós prezamos. Vamos levantar a cabeça."
Num discurso de mais de 40 minutos, interrompido diversas vezes por aplausos e palavras de ordem, Lula voltou a convocar os petistas para defender o governo e disse estar pronto para o duelo com a oposição, comparando a sua gestão com a anterior. "Eles não têm dados comparativos para disputar conosco. Mas eles são desaforados. Eles resolveram vender a idéia que eles são os éticos e nós não somos éticos." E repetiu o que já havia dito anteontem, em Porto Alegre: "Não levaremos desaforo para casa."
ARGUMENTO
Acompanhado na visita pelos candidatos petistas ao governo de Santa Catarina, José Fritsch, e ao Senado, Luci Choinacki, Lula disse acreditar que a única arma que a oposição terá nos Estados será o questionamento sobre a conduta ética do PT no governo federal.
"É uma decadência. Quando uma parte de um partido, ou de vários partidos, comete um erro, certamente que esse erro não é maior do que os que eles já cometeram durante tantos e tantos anos que governaram esse país", afirmou. E sugeriu diferenciar os acusados nos escândalos: "Não punirei inocentes e não inocentarei culpados."
Lula citou as investigações da CPI dos Sanguessugas, denunciando seu suposto uso político pela oposição: "Na CPI algumas pessoas pinçavam apenas algumas coisas que interessavam e passavam para a imprensa, para culpar o PT."
O presidente contou que, depois de ter acesso ao relatório da Corregedoria-Geral da União (CGU), ele ficou perplexo pelo fato de que os deputados petistas eram minoria entre os notificados: "E era o PT que estava levando a culpa."
No discurso, Lula ironizou as críticas de que a CGU teria tentado associar o escândalo ao período do governo Fernando Henrique Cardoso. "Imagina a petulância. Alguém pode acusar qualquer um de nós do que bem entende. E nós temos que ficar quietos e ainda dizer obrigado", declarou. "E quando nós resolvemos explicar para a sociedade, é fazer política."
Estadão
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