'É um retrocesso', reage petista
Deputado ligado à questão racial vai pressionar Lula
Ao retirar apoio ao Estatuto da Igualdade Racial, o Palácio do Planalto bateu de frente com lideranças de uma fatia do eleitorado que o PT cultivou cuidadosamente de 2003 para cá - o voto dos negros. "É um retrocesso em relação às propostas que Lula defendeu na campanha de 2002", afirma o deputado Luiz Alberto (PT-BA), um dos principais articuladores de questões raciais no Congresso. "Na campanha, Lula tinha até um caderno contra o racismo."
Na mesma manhã em que o ministro Tarso Genro anunciava a nova visão do governo sobre o tema, Luiz Alberto deu uma entrevista na qual falava dos preparativos para uma audiência no Planalto, na semana que vem. "Queremos pedir ao governo que se mobilize para garantir a aprovação do estatuto até o final do ano."
A idéia dele e de quase três dezenas de deputados que integram o Núcleo de Parlamentares Negros do PT era fazer campanha enrolados na bandeira do estatuto, apresentando o governo Lula como aquele que produziu as maiores realizações a favor dos negros brasileiros. A nova posição do governo compromete essa vantagem.
Ao trocar cotas "raciais" por cotas de conteúdo "social" o governo retira dos parlamentares negros a bandeira própria. "Eu quero saber como é possível combater o racismo sem falar em raça. Essa postura ignora a origem específica das dificuldades do negro, que tem origem em 350 anos de escravidão", reagiu Luiz Alberto. "O País tem uma dívida com os descendentes de escravos, pois o cativeiro atrasou o progresso dessa parcela da população."
O governo Lula jamais esteve unido em torno de uma política de ação afirmativa. O presidente anunciou apoio às cotas na campanha eleitoral, mas, no início do seu governo, boa parte dos ministros condenava a proposta.
Quando se verificou que o voto da comunidade negra ajudava a engordar o cesto eleitoral junto aos pobres, o debate interno se encerrou - até ser reaberto depois do retorno de Tarso ao ministério. "Todo governo está sujeito a pressões e contrapressões," afirma Luiz Alberto. "Agora será a vez de o movimento negro pressionar."
Estadão
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