Movimento dos Atingidos por Barragens recebe treinamento no exterior
Suspeito de abrigar mentores de sabotagem na Cemig, movimento age sob inspiração de grupos internacionais. Coordenador da entidade aprendeu ‘resistência ao neoliberalismo’ em El Salvador
Suspeito de alojar militantes radicais que planejavam um atentado na Cemig, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) age sob influência de organizações internacionais. Além de enviar seus líderes para treinamento no exterior, o movimento promove ações no Brasil com a presença de estrangeiros.
O Estado de Minas revelou no domingo que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e os setores de inteligência da Polícia Federal, do Exército e das polícias civil e militar investigam integrantes do MAB pelo suposto envolvimento num plano de sabotagem na Cemig. O alvo seria o Centro de Operação do Sistema (COS), setor que controla 97% do fornecimento de energia elétrica de Minas e a transmissão de energia que passa por outros 20 estados e pelo Distrito Federal. O MAB nega que tenha planejado o atentado.
O MAB é uma das quatro entidades brasileiras – as outras são o MST e os pouco conhecidos Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento de Mulheres Campesinas (MMC) – que integram a Via Campesina, organização internacional que reúne grupos de 56 países ligados à luta no campo. Recentemente, a Via Campesina se envolveu numa ação radical no Brasil.
Em março passado, 2.000 militantes da Via Campesina – brasileiros e estrangeiros – invadiram e destruíram o viveiro da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (RS), em protesto contra o avanço das áreas de monocultura de eucalipto. Em meia hora, os manifestantes destruíram 4 milhões de mudas de eucalipto, computares e uma grande quantidade de sementes. O prejuízo, segundo a empresa, foi de US$ 400 mil. O Ministério Público denunciou 37 pessoas por dano, furto, cárcere privado e formação de quadrilha. Entre elas, o britânico Paul Charles Nicholson, o indonêsio Henry Saragih e a dominicana Juana Ferrer de Sanchez. Na ocasião, a Via Campesina emitiu uma nota de protesto contra a decisão do Ministério Público. Entre os signatários, estava o MAB.
Chile e Venezuela
Em abril passado, a manifestação do MAB e do MST em Belo Horizonte, que terminou com a invasão e depredação do hall do edifício-sede da Cemig, também contou com a participação de militantes estrangeiros. A chilena Juana Calfunao, chefe lonko (autoridade tradicional) da comunidad indígena Juan Paillalef, chegou a discursar. Na manifestação, além de Juana, havia pelo menos um cidadão venezuelano a quem integrantes do MAB chamavam de Simão.
Juana já foi homenageada no Brasil com a medalha Chico Mendes, da seção fluminense do grupo Tortura Nunca Mais. Em Minas, participou da simulação de um julgamento dos “crimes do latifúndio”, promovido por entidades ligadas a movimentos sociais, em abril.
Bandeiras genéricas
Criado com o propósito de articular as demandas específicas das populações atingidas pela construção de barragens, o MAB tem assumido bandeiras mais genéricas nos últimos anos. Passou a condenar o neoliberalismo, as privatizações e alguns organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O MAB também assumiu propostas de entidades estrangeiras às quais está ligado, como a campanha pela redução das tarifas públicas encampada pelo Movimento Popular de Resistência 12 de Outubro (MPR-12), de El Salvador. Neste momento, uma das principais reivindicações do MAB é a diminuição do valor cobrado pelo fornecimento de energia elétrica e a isenção da tarifa para famílias de baixa renda.
‘Articulação legítima’
O coordenador nacional do movimento, Joceli Andrioli, defende a ligação do MAB com movimentos estrangeiros. “A articulação internacional que existe é extremamente legítima, é muito positiva. É a articulação do povo trabalhador em nível mundial. Quem dera um dia todos os povos pudessem se unir”, afirma. Segundo Joceli, o que é negativo para o país é a “influência internacional da CIA (serviço secreto norte-americano), dos grupos terroristas e do neoliberalismo”.
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Best regards from NY! » »
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