8.7.06

Chaves volta ao Brasil

Chávez volta ao País para discutir eleições

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estará de volta a Brasília dia 20 para um encontro reservado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A visita ocorre apenas 16 dias depois de o próprio Lula ter ido a Caracas para celebrar, ao lado de Chávez, o ingresso da Venezuela no Mercosul e poucas horas antes do encontro previsto de ambos na cerimônia de abertura da reunião de cúpula do bloco em Córdoba, na Argentina.

Fora do clima de festejos de líderes sul-americanos, Chávez deve tratar com Lula as pendências na relação bilateral e, especialmente, os processos eleitorais nos dois países neste ano.

A nova visita de Chávez foi confirmada ontem pelo Ministério das Relações Exteriores que, oficialmente, não antecipou as razões ou a agenda. Diplomatas, entretanto, assinalaram que há especial interesse de ambos em abordar as campanhas de reeleição em que estão envolvidos. Apesar de sua elevada aceitação popular, Chávez ainda precisaria colar-se à figura de Lula para conseguir apoio mais relevante de setores que resistem à sua candidatura no eleição de dezembro.

Escaldado pelos tumultos gerados pela intervenção do presidente venezuelano no processo eleitoral no Peru - que culminou com a derrota de seu favorito, o ex-militar Ollanta Humala -, Lula preferiria descolar-se da imagem de Chávez. Pelo menos diante de formadores de opinião do Brasil, que consideram Chávez mais um líder ao velho estilo populista latino-americano. A ambos, entretanto, a reeleição atenderia a um projeto que vai além das ambições políticas e pessoais. A confirmação de mais um mandato a cada um tenderia a consolidar o processo de integração regional.

Entre as pendências está a situação incerta dos investimentos da Petrobrás na Bolívia. Lula está ciente da influência de Chávez no decreto de nacionalização do gás e do petróleo naquele país. Sua missão seria a de, mais uma vez, tourear os impulsos de Chávez de orientar a Bolívia a atos radicais. E estaria concentrada também na agenda sobre o Gasoduto do Sul, que abasteceria 5 países com gás venezuelano.
Estadão