'Temos total confiança nele', diz Berzoini
Presidente do PT minimiza pendências e afirma que tesoureiro e administrador têm tarefas diferentes
O PT deve referendar na próxima semana o nome do prefeito de Diadema, José de Filippi, como tesoureiro da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, independentemente das denúncias que pesam contra ele no governo da cidade. Ontem, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, reiterou que Filippi tem "afinidades" com a legenda e com Lula e disse que é "muito provável" que ele assuma a coordenação do comitê financeiro. O prefeito deve anunciar seu afastamento do cargo para assumir a tarefa.
Após a primeira reunião de trabalho com Filippi, na quinta-feira, Berzoini fez questão de dissociar as pendências do mandato do prefeito de suas atribuições na campanha presidencial. "É bom separar o que é atividade de prefeito, que está sempre à disposição da apreciação dos órgãos de controle, da atividade para qual ele está sendo convidado, de arrecadação de campanha, que nada tem a ver com a atividade administrativa", afirmou o presidente do PT. "Temos total confiança no Filippi e sabemos que todos prefeitos, secretários, ministros e governadores estão sujeitos aos controles dos tribunais (de contas) e, eventualmente, a conta pode não ser aprovada no momento e, posteriormente, se verificar judicialmente que não há problema algum".
Berzoini admitiu que a previsão de gastos deve ficar acima dos R$ 55 milhões calculados inicialmente. "A legislação eleitoral prevê um teto definitivo, que não pode mais ser readequado", disse ele. "Assim, precisamos ter um 'colchão', com sobra, para evitar bater no teto. Isso não significa que vamos gastar o total declarado".
Ao contrário do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que em 2002 cuidava do financiamento mas dividia com Paulo Okamotto as funções de logística, o PT decidiu separar completamente as funções. O secretário de Finanças da legenda, Paulo Ferreira, será encarregado da contratação de bens e serviços, da logística. A Filippi caberá somente a arrecadação de fundos.
REPASSES
Berzoini repetiu que as finanças da campanha serão desmembradas das do caixa do PT. Segundo ele, a equipe de Filippi gerenciará as finanças da coligação, mas não repassará dinheiro aos aliados. "A campanha nacional poderá interagir por meios com os outros partidos para a realização da campanha, mas não com o uso de recursos financeiros", adiantou, indicando que as siglas aliadas poderão receber materiais de campanha.
Além disso, Berzoini reiterou que não haverá "mistura" dos recursos obtidos nas arrecadações estaduais com a campanha nacional. Segundo ele, o PT ainda está definindo quais serão os "critérios para relacionamento da campanha nacional com a opinião pública" e por quais meios o partido irá informar sobre arrecadações e gastos, não descartando, inclusive, a divulgação das contas pela internet.
Todas as funções de coordenação da campanha deverão ser avalizadas na terça-feira, durante reunião em Brasília. O presidente petista assumirá a coordenação-geral, em parceria com os ministros Tarso Genro e Luiz Dulci. O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, responderá pelo programa de governo, ao lado do secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar.
O secretário-geral adjunto do PT, Joaquim Soriano, será responsável pela análise de pesquisas de intenção de voto. Já o secretário de Comunicação, Francisco Campos, deverá atuar como ponte entre o PT e o marqueteiro de Lula, João Santana.
Reunida ontem em São Paulo, a executiva petista ratificou a aliança com o PC do B e o PRB, do vice José Alencar. Berzoini atribuiu a ausência do PSB na coligação à verticalização e à cláusula de barreira, segundo a qual cada legenda deverá obter pelo menos 5% dos votos nas eleições proporcionais em nove Estados para existir como partido formal, com direito a repasses do fundo partidário e tempo de TV.
Estadão
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