19.7.06

Palavras do Bruno Maranhão

Solto, Maranhão ajudará a reeleger 'companheiro Lula'
Líder do MLST solto no sábado diz que episódio da invasão à Câmara não prejudica imagem do presidente


O líder do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), Bruno Maranhão, afirmou ontem que tem orgulho de ser dirigente do PT e espera não ser punido pela direção do partido, à qual enviou fax colocando-se à disposição para explicar o episódio da invasão e depredação da Câmara, em junho. Ele disse que quer trabalhar na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu comparecer ao seu comício no próximo fim de semana, no Recife.

Foi a primeira entrevista após a libertação do líder, ocorrida sábado. "Conheço o companheiro Lula há 25 anos, não há dois dias", afirmou. "A nossa relação foi construída na luta, na ética. Mais do que nunca, eu vou apoiar e fazer campanha para ele. Sei que a direita vai usar meu nome para desgastar o Lula, mas o povo não vai levar em conta essa baixaria."

Embora alegue ter simpatia pelos candidatos do PSOL, Heloísa Helena, e do PDT, Cristovam Buarque, ele preferiu se manter fiel a Lula. O único em quem não votaria, conforme disse, é o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que a seu ver representa a volta do atraso.

Maranhão atribuiu a violência na Câmara ao que chamou de "quarteto golpista do Congresso", por supostamente ter forçado o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a reprimir os trabalhadores.

Maranhão acusou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), definido como "um racista e nazista que comanda a direita e o retrocesso da Nação"; o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM); e os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Esse quarteto golpista se aproxima da direita fascista da Venezuela."

Na hora do quebra-quebra, segundo Maranhão, havia estudantes e manifestantes das áreas de saúde e do Judiciário misturados aos sem-terra, mas "a polícia truculenta do Congresso reprimiu seletivamente os militantes do MLST".

MAUS TRATOS

Maranhão disse que ele e os demais manifestantes presos sofreram agressões físicas, torturas e privações de direitos básicos nos 38 dias de cadeia. Ele saiu do presídio da Papuda na última leva de 32 manifestantes libertada por alvará da 10ª Vara da Justiça Federal, sábado.

Os piores momentos, segundo ele, teriam ocorrido na Câmara, quando os manifestantes teriam passado 26 horas sem comida, algemados e sofrendo maus tratos. "Alguns receberam socos, tapas na orelha, empurrões e xingamentos."

Inspeção da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência não comprovaram as denúncias. Por nota, a Câmara informou que em nenhum momento os integrantes do MLST passaram por constrangimento.
Estadão