PF vai abrir novo inquérito para investigar doação ao PT
A Polícia Federal (PF) deverá abrir um novo inquérito sobre o caso Cisco para investigar especificamente a doação de R$ 500 mil ao PT pela ABC Industrial e Nacional Distribuidora de Eletrônicos Ltda., empresa que teria sido usada pela multinacional para o aporte de dinheiro em troca de um suposto favorecimento da distribuidora Damovo, braço da Cisco, em licitação na Caixa Econômica Federal.
A definição sobre o desmembramento do inquérito sai de encontro marcado para os próximos dias entre integrantes da PF, do Ministério Público Federal e da Receita Federal que investigam o caso Cisco. Como a alteração da licitação foi decidida em Brasília e a denúncia envolve o PT, a tendência é que a nova investigação seja conduzida por delegados da PF no Distrito Federal.
Estadão
Ontem, a Caixa divulgou nota na qual desmente o favorecimento à Damovo, em edital do banco para a compra de equipamentos. A PF investiga o envolvimento das duas companhias em suposto esquema que teria gerado a doação da ABC ao PT.
Reportagem publicada domingo pelo jornal Folha de S.Paulo levanta suspeitas de que a Caixa teria beneficiado a Damovo e a Cisco em troca de doações da ABC ao PT. O benefício teria sido feito com a mudança do edital para uma concorrência de R$ 9,9 milhões vencida pela distribuidora da Cisco. Na nota, o banco diz que a hipótese é falsa e a versão foi apresentada "sem sustentação".
A Caixa argumenta que o edital foi alterado, mas a mudança não beneficiou a Damovo. Segundo o banco, o ajuste ocorreu no item III do edital, que não foi vencido pela multinacional. A alteração, segundo o banco, foi feita no prazo legalmente previsto e tinha como objetivo "viabilizar a participação de um número maior de interessados".
A Caixa observa também que "a errata não foi objeto de qualquer impugnação" das empresas que disputavam o leilão. Na nota, o banco explica que a multinacional venceu o item I do edital e esse trecho não teve alteração durante o processo de concorrência.
Na fase final da disputa, as empresas Conecta e Telefônica concorriam com a Damovo. Segundo o banco, as duas concorrentes foram desclassificadas por motivos técnicos, já que testes teriam apresentado resultado abaixo do exigido.
A nota afirma ainda que as investigações não provocaram nenhuma acusação contra o banco ou funcionários. A direção da Caixa abriu processo de auditoria interna quando as denúncias foram noticiadas há mais de 15 dias.
VAZAMENTO
O diretor geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, disse ontem em Belo Horizonte que não acredita em interesses políticos no vazamento de informações de caráter sigiloso da Operação Persona. Corrêa reiterou que a PF abrirá inquérito para apurar o possível vazamento de informações da operação que investiga o envolvimento da Cisco com o suposto esquema de fraudes de importação. A medida foi tomada a partir da reportagem da Folha de S. Paulo, publicada no domingo.
O diretor geral da PF não quis dizer se a denúncia tinha ou não fundamento. Ele observou que a Justiça deverá desmembrar o inquérito sobre o vazamento do restante da investigação, retirando seu caráter sigiloso. Corrêa classificou o suposto vazamento como "um desvio de conduta imperdoável".
"Vamos apurar se houve, porque isso (o inquérito) já transitou também em outros setores. Esteve no Judiciário, advogados já tiveram acesso, por exemplo." Corrêa participou, no início da noite de ontem, da solenidade de posse do novo superintendente da PF em Minas Gerais, Marcos David Salen.
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