2.11.07

Ação bolivariana
Editorial do O Globo

Os partidários de Hugo Chávez no Brasil estão ativos na organização de uma estrutura de apoio às idéias do líder venezuelano.


A importância do país nesse projeto de poder merece a atenção de Caracas, que para cá enviou um dos homens de confiança de Chávez, Maximilian Arvelaiz, e reforçou com mais 15 diplomatas a embaixada em Brasília e os consulados, segundo reportagem do jornal “Correio Brasiliense”.


O Brasil já conta com 20 Círculos Bolivarianos, sete deles no Rio.


São integrados por intelectuais, políticos, sindicalistas, empresários e estudantes, entre eles, membros do PT, do PSol, do PDT, da CUT e do MST. Uma das tarefas de Arvelaiz é percorrer o país para reorganizar os círculos (presentes também no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo, na Bahia e no Amazonas), e preparar a primeira Assembléia Bolivariana Nacional, nos dias 8 e 9 de dezembro, no Rio.


É inegável que Chávez tem conseguido, do alto de seus petrodólares, o apoio de alguns países em sua cruzada rumo ao socialismo do século XXI, movimento com nome novo mas ideário já testado e rejeitado pela História. Entre eles, Bolívia, Equador e Nicarágua. A Argentina é cliente preferencial.

Nada contra o inspirador de Chávez - Bolívar, considerado o responsável pela libertação de cinco países sul-americanos do domínio espanhol. O problema é que o guru do venezuelano é Fidel Castro, que passou mais de 50 anos no poder e construiu um regime tirânico e repressivo em Cuba.


O Brasil é uma democracia.


Os partidários de Chávez têm liberdade de reunião e de expressão.


Mas devem ter em conta que isso não lhes dá o direito de trabalhar por metas caras ao caudilho, mas que carecem do apoio na população brasileira, sem falar que isso configura ingerência em assuntos internos. Neste caso, devem ser tratados com o rigor da lei.


O aumento da atividade dos Círculos Bolivarianos no Brasil coincide com uma reforma constitucional na Venezuela que, por proposta de Chávez, eliminará os últimos resquícios de democracia. Não é o caso do Brasil, interessado em aperfeiçoar as instituições e a Constituição de 1988, aumentar a transparência da administração pública e ampliar o acesso do povo à educação, ao trabalho e à saúde. Sem demagogia.

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